[Livro] Como Proust pode mudar sua vida (1997)/ Alain de Botton - Parte 1

 



 Como amar a vida hoje



  • Acho que, de repente, a vida nos pareceria maravilhosa se estivéssemos ameaçados de morte (...). Pense em quantos projetos, viagens, casos de amor e estudos a vida oculta de nós, tornando-os invisíveis por causa da nossa preguiça, que, certa de um futuro, adia-os incessantemente.


Como ler para si mesmo




  • “sob o ponto de vista estético, o número de tipos humanos é tão restrito que podemos com frequência, onde quer que estejamos, ter o prazer de ver pessoas conhecidas”. Tal prazer não é simplesmente visual: o número restrito de tipos humanos também significa que podemos o tempo todo ler, em lugares completamente inesperados, a respeito de pessoas que conhecemos.



  • Na verdade, todo leitor, enquanto está lendo, é o leitor do seu próprio eu. O trabalho do escritor é simplesmente uma espécie de instrumento ótico oferecido ao leitor para lhe permitir distinguir o que, sem o livro, ele talvez nunca fosse vivenciar em si mesmo. E o reconhecimento em si próprio, por parte do leitor, daquilo que o livro diz é a prova da sua veracidade.

  •  As pessoas de eras passadas parecem infinitamente distantes de nós. Achamos que não temos motivo para lhes atribuir qualquer intenção subjacente além da que elas expressam formalmente; ficamos surpresos ao nos depararmos com um herói homérico cuja emoção é mais ou menos semelhante à que sentimos hoje (…) é como se imaginássemos que o poeta épico (…) está tão distante de nós quanto um animal em um zoológico.

  • O valor de um romance não se limita à representação de emoções e de pessoas parecidas com aquelas da nossa vida, mas também se estende à capacidade que adquirimos de descrevê-las muito melhor do que antes e de identificar percepções que reconhecemos como nossas, embora não fôssemos capazes de formulá-las sozinhos.

  •  Ao lermos a nova obra-prima de um homem brilhante, ficamos felizes em descobrir reflexões nossas que havíamos menosprezado, alegrias e tristezas que havíamos reprimido, todo um mundo de sentimentos que havíamos desdenhado e cujo valor nos é repentinamente ensinado por aquele livro.


Como não se apressar



  • a grandiosidade das obras de arte nada tem a ver com a qualidade aparente do seu tema, e sim com o tratamento subsequente que lhe é dado. Donde suas alegações de que tudo é potencialmente um tema fértil para a arte e que podemos fazer descobertas tão valiosas em um anúncio de sabonete quanto nos Pensamentos de Pascal.

  •  um anúncio de sabonete podia ser o ponto de partida para pensamentos que talvez acabassem sendo tão profundos quanto aqueles já expressos e desenvolvidos por Pascal. 
 

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2 comentários:

  1. Bacanérrimos os trechos publicados! É curioso descobrir que muito do que ele disse já tinha passado pela minha cabeça, mas achei tão normal que nem me preocupei em registrar. Talvez aí esteja o segredo dos grandes escritores: visualizar o que é universal atrás do banal e particular (ou individual). Muito legal!

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    1. acho q vc tá certo
      de alguma maneira eles revelam a nos mesmos quando os lemos

      abs!

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Memento mori...carpe diem!