[Livro] Uma bagunça perfeita (2008)/David H. Freedman e Eric Abrahamson - Parte I





Ideia de Bagunça

· A bagunça não é necessariamente uma ausência da ordem.

· Em linhas gerais, um sistema é desorganizado se os seus elementos estão espalhados, misturados ou variam de alguma maneira devido a algum grau de aleatoriedade, ou se para todos os efeitos práticos ele parece aleatório a partir do ponto de vista de alguém. (...) Ser bagunceiro, desordenado e desorganizado, na nossa acepção, é bem o que você provavelmente pensa que é: espalhar objetos, misturar coisas, deixar coisas se empilharem, fala assuntos fora de ordem, ser incoerente, improvisar. Você sabe do que estou falando.

· Quase todo tipo de bagunça encontrado na vida do dia-a-dia é uma ordem fracassada: alguém tinha um sistema de organização em mente que por um ou outro motivo não funcionou.


Bagunça adequada

É difícil argumentar que as usinas nucleares, os cadastros dos impostos ou os estacionamentos não devam ser bem organizados. Entretanto, existem também muitos elementos na nossa vida que, embora frequentemente mantidos arrumados e extremamente ordenados, se comportariam melhor se fossem deixados pelo menos um pouco desorganizados, como por exemplo as férias, a amizade, a arte, os cochilos, as memórias, os animais de estimação, o divórcio, o esporte, as sobremesas, o namoro, o jogo, ser demitido da empresa, ler, o sexo, o combate, a criação dos filhos e a morte.

Cheryl Mendelson, Home comforts: The Art and Science of Keeping House, que faz o seguinte comentário sobre os entusiastas da ordem doméstica: Eles arrumam os sapatos ao longo do espectro das cores em linha reta e são dominados pela ansiedade se as toalhas na prateleira não estão todas voltadas para o mesmo lado. Eles despendem um enorme esforço no que consideram uma boa administração doméstica, mas a casa deles nem sempre é acolhedora. Quem pode se sentir à vontade em um lugar onde a exigência a exigência da ordem é tão exagerada? Na administração doméstica, mas nem sempre é melhor. A ordem e a arrumação não devem custar mais do que o valor que proporcionam em saúde, eficiência e conveniência.

· Fazer a cama quando nos levantamos pela manhã é como amarrar o cadarço de um sapato depois de tirá-lo do pé.

· Organizar de uma maneira envolve bagunça de outra.

· O elemento mais importante da arrumação é, de longe, simplesmente nos livrarmos de um vasto mar de objetos que não são mais necessários.

· Parte do problema é que na hora de se organizar, as pessoas tendem a pensar em projetos do tipo Big Bang destinados a exterminar a bagunça. Essa atitude conduz à eliminação maciça de um grande percentual de bens, algo que além de ter a tendência de resultar em uma experiência dolorosa também aumenta as chances de jogarmos fora coisas das quais sentiremos muita falta. Em vez disso, por que não jogar fora apenas o suficiente para recuperar uma quantidade confortável de espaço e de ordem, limitando o massacre aos objetos que se revelam fáceis de discernir na hora de separar o que é inútil das coisas boas? Afinal de contas, o melhor lugar para manter alguma bagunça sentimental é em casa, não é mesmo?

Um parâmetro melhor do que a frequência de utilização é o valor potencial e a substituibilidade.




Os benefícios da bagunça



· Flexibilidade: os sistemas desorganizados se adaptam e mudam mais rápido, mais radicalmente, de maneira mais variada e mais ampla, e com menos esforço. Os sistemas organizados tendem a responder com mais rapidez e lentidão às exigências da mudança, aos eventos inesperados e a novas informações.


· Totalidade: os sistemas bagunçados podem tolerar com tranquilidade em conjunto exaustivo de entidades heterogêneas. Os sistemas arrumados tendem a reduzir a quantidade e a diversidade dos elementos, eliminando alguns que teriam se revelado uteis ou até mesmo críticos.


· Ressonância: a bagunça tende a ajudar o sistema a se harmonizar com o seu ambiente e com fontes de informação e mudança normalmente evasivas, extraindo delas uma influência proveitosa. A ordem e a organização tendem a isolar o sistema dessas influências e a permanecer em conflito com elas.

Ressonância estocástica - Em poucas palavras, a ressonância estocástica se aplica a uma situação aparentemente paradoxal na qual a adição de algum tipo de aleatoriedade a um sistema o torna mais eficaz , ou seja, como se quanto mais estática você captasse em uma estação de rádio, mais claramente você ouvisse a música.

· Invenção: a bagunça aleatoriamente justapõe e altera os elementos de um sistema e os faz gerar para uma posição mais proeminente na qual eles são mais facilmente percebidos, o que conduz a novas soluções. A organização e a ordem tendem a limitar a inovação e o inesperado, bem como a pô-los de lado quando surgem.

As pessoas estão excessivamente condicionadas a agir todos os dias da mesma forma (...) o que frequentemente significa que ficam presas a hábitos nocivos. Em outras palavras, a concentração e a coerência tornam-se as barreiras para a solução dos problemas.



· Eficiência: os sistemas desorganizados frequentemente atingem metas com um modesto consumo de recursos, podendo às vezes deslocar parte da carga de trabalho para o mundo exterior. Ser organizado requer um constante dispêndio de recursos e tende a deixa a carga de trabalho aprisionada no sistema.


· Robustez: como a bagunça tende a reunir de forma vaga elementos discrepantes, os sistemas desorganizados resistem mais à destruição, ao fracasso e à limitação. Os sistemas organizados tendem a ter pontos fortes e fracos mais definidos, e portanto são frequentemente frágeis, facilmente frustrados ou perturbados, e copiados sem esforço.



Mesas bagunçadas


· E se o custo de ser metódico e bem organizado frequentemente sobrepujarem os benefícios? E se o fato de sermos um tanto ou quanto desorganizados, em um sentindo mais amplo, for melhor negócio?

· Uma mesa bagunçada pode ser um sistema altamente eficaz de priorização e acesso. As pessoas com mesas desarrumadas reúnem várias estratégias diferentes, com frequência de modo inconsciente, para manter á mão o trabalho de que precisam. Em geral, a mesa desorganizada tende a assumir um formato no qual os assuntos mais importantes e urgentes ficam mais próximos e no alto das pilhas, enquanto os assuntos que podem ser desprezados com segurança ficam longe e embaixo de tudo, o que faz perfeitamente sentido.

· uma das grandes características da mesa desarrumada é que ela tende a refletir a maneira como pensamos e trabalhamos. O pensamento e o trabalho são imprevisíveis, variáveis e ambíguos. São bagunçados. Por que a sua mesa também não deveria sê-lo.


Ponto de entrada do trabalho. O que no seu ambiente do escritório o ajuda a descobrir como recomeçar onde você parou ou iniciar uma nova tarefa quando você é interrompido, deixa o escritório, troca de tarefa ou termina uma tarefa? Ele descobriu que os “organizados” dependem de um pequeno número de “estruturas de coordenação explícitas” como listas, agendas e caixas de entrada para determinar com rapidez e segurança o que fazer a seguir. Os “bagunceiros”, por outro lado, são “impulsionados pelos dados”, ou seja, não planejam ou especificam explicitamente o que fazem, valendo-se do do ambiente imediato para obter pistas e informações, sob a forma de documentos que estão sobre a mesa, pastas empilhadas em cima do arquivo, comentários rabiscados em envelopes, recados adesivos (os quais, surpreendentemente, são desprezados por muitos organizados) colocados aqui e ali, livros deixados abertos no chão, e assim por diante.

· Mas os bagunceiros costumam tirar grande vantagem das indicações ao seu redor, notando, por exemplo, quando uma pasta pela qual não estavam procurando revela-se útil para a tarefa em questão ou sugere outra tarefa ainda mais proveitosa. David Kirsh compara o oportunismo nas tarefas do bagunceiro ao consumidor que vai a uma loja compra costeletas de carneiro para o jantar mas acaba levando um grande peso de salmão que por acaso está na oferta.



Planejamento Estratégico Empresarial 

· O planejamento estratégico empresarial de modo geral, ao lado de outras formas de planejamento formal a longo prazo, era uma perda de tempo.

· Os executivos que se sintam tentados a se manifestar contra essas distorções temem poder ser considerados criadores de caso e pessimistas. Além disso, os executivos tendem a adotar o ponto de vista assumido por seus superiores, de modo que quando os altos executivos, que em geral estão distantes demais da linha de frente para observar diretamente o que está acontecendo na sua própria organização, que dirá no mundo exterior, pedem informações aos seus subordinados, acabam ouvindo “ecos da sua próprias vozes”(...). A distorção torna-se ainda pior no planejamento estratégico, no qual a necessidade de produzir e justificar planos específicos levam os executivos a manipular ainda mais os dados para dar a impressão de que os planos deram certo. O resultado é um círculo vicioso de interpretações errôneas que engendram interpretações piores ainda, e assim por diante.

Mesmo que os executivos tivessem informações incríveis a respeito de sua empresa, setor e mercado, o planejamento formal a longo prazo ainda estaria condenado ao fracasso (...). Isso se deve ao fato de que previsões no mundo dos negócios que se estendem além de alguns meses equivalem a jogar uma moeda para o alto.(...) planejamento a logo prazo provavelmente exerce um efeito adverso. Isso acontece porque o planejamento formal pode acabar limitando as empresas a estratégias defeituosas, concentrando a energia de todas as pessoas em oportunidades que nunca se materializam e fazendo com que as empresas deixem passar as verdadeiras oportunidades que surgem no seu caminho.

· No entanto, segundo os dados, as empresas que fortemente comprometidas com o planejamento estratégico formal não tem em média um desempenho pior do que as companhias que fazem menos planejamento. Não se saem nem melhor nem pior.


______________________________continua...

[Blog] Mochileiros dos Quadrinhos

Old school total

Introdução 


Mochileiros dos Quadrinhos é um blog de tradução scans das antigas que ainda se mantém ativo.

O grande diferencial deles é seu Hub, que permite um acessível compartilhamento de arquivos com os leitores. Já encontrei muito material raro por lá e acho bem interessante.

Os HUBs se assemelham aos canais de IRC - eles agrupam usuários e tem uma sala de chat principal com direito a chat privado. Mas esses Hubs possuem muitos recursos inovadores: como são destinados a troca de arquivos, permitem que os usuários pesquisem o conteúdo compartilhado de todos os outros usuários. Também permite que se navegue individualmente por toda hierarquia de pastas que os usuários compartilham e escolher o que baixar. Os downloads são organizados em sistemas de filas - se um usuário estiver enviando uma quantidade de arquivos qualquer, um arquivo requisitado dele entra na fila de espera até que os download terminem. (wikipedia)

Como Acessar?


Retirei o trecho abaixo do Blog Gibiscuits:

"Eu não sei nem o que é essa coisa de hub DC++. Como é que eu faço?"

Você vai fazer que nem eu fiz, caro leitor: vai se esforçar um pouquinho para conseguir o que quer e vai estudar os tutoriais disponibilizados por esses grupos, bem como tutoriais no YouTube, e vai até lá pegar o que quer. Lembrem-se que a parte mais difícil nós já fizemos: traduzir e diagramar. Para não dizerem que não dei uma força nisso, seguem algumas boas sugestões de como começar a usar o DC++:

O ENDEREÇO DO HUB DOS MOCHILEIROS MUDOU. AGORA É: mochileiroshqs.duckdns.org:1209

Conclusão


Nesses tempos de internet cheia de frescuras, o Mochileiros dos Quadrinhos continua sendo um dos poucos redutos do antigo underground da web.

Recomendo.

Grande abraço!


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[Livro] Isto És Tú (2002)/ Joseph Campbell

 



"Como é possível que o sofrimento que nem é meu e nem me interessa me afete de imediato como se fosse meu e com força tal a ponto de impelir-me à ação? “(Schopenhauer no ensaio deste intitulado Dos fundamentos da moralidade)

 

A mitologia pode, num real sentido, ser definida como a religião de outro povo. E a religião pode, num certo sentido, ser entendida como uma incompreensão popular da mitologia.

  • Minha definição favorita de mitologia: a religião das outras pessoas. Minha definição favorita de religião: a incompreensão da mitologia. A incompreensão consiste na interpretação dos símbolos mitológicos espirituais como se fossem fundamentalmente referências a acontecimentos históricos. Interpretações provincianas localizadas separam as várias comunidades religiosas.

 Um sistema de símbolos mitológicos somente atua se operar na esfera de uma comunidade de pessoas que tenham experiências essencialmente análogas, ou, para nos expressarmos de outra maneira, que partilhem do mesmo domínio de experiência de vida.

  • O ritual eficiente, nas mãos erradas, pode ser extremamente perigoso. Isso é bem personificado em Hitler, que era um gênio no emprego do ritual para desenvolver consciência nacional. Ele foi um orador poderoso e carismático no centro de colossais comícios que, como um alemão uma vez me disse, com sua música, sua iluminação e banderolas agitadas, quase o fez, contra sua vontade, erguer sua mão na

 Um espaço sagrado, portanto, é qualquer área, por exemplo, cavernas, na qual tudo é feito para transformar o ambiente numa metáfora. Talvez você possa dizer que o "Espaço Sagrado está em todo lugar", mas somente pode fazê-lo depois de ter aprendido a disciplina do espaço sagrado e haver apreciado a significação metafórica dos objetos ali encontrados.

  •  O principal interesse da catedral não é como parece do lado exterior, mas como é experimentada no interior. Ela cria um espaço santo, um espaço sagrado que a nada se refere salvo ao mistério. Quando sua construção tem êxito, o resultado é um perfeito equilíbrio de impulso e sustentação, que é ele próprio uma afirmação de energia e espaço.

 

A quarta função da mitologia tradicional é conduzir o indivíduo através dos vários estágios e crises da vida, isto é, ajudar as pessoas a compreender o desdobramento da vida com integridade. Essa integridade supõe que os indivíduos experimentarão eventos significativos a partir do nascimento, passando pelo meio da existência até a morte em harmonia, primeiramente com eles mesmos, em segundo lugar com sua cultura, em terceiro lugar com o universo e, finalmente, com aquele mysterium tremendum que transcende a eles próprios e a todas as coisas.

  • As linguagens metafóricas tanto da mitologia quanto da metafísica não denotam mundos ou deuses reais, e sim conotam níveis e entidades no interior da pessoa tocada por elas. As metáforas apenas aparentam descrever o mundo exterior do tempo e do espaço. Seu universo real é o domínio espiritual da vida interior. O Reino de Deus está no interior de você.
  • A vida não possui nenhum significado absolutamente fixo.


Uma forma de privar você mesmo de uma experiência é, com efeito, ter a expectativa dela. Uma outra é ter um nome para ela antes de ter a experiência. Carl Jung afirmou que uma das funções da religião é nos proteger da experiência religiosa. Assim é porque na religião formal tudo é concretizado e formulado. Entretanto, devido à sua natureza, uma tal experiência é a experiência que somente você pode ter.

 Escrituras Shinto lê-se que os processos naturais não podem ser maus. Na nossa tradição todo impulso natural é pecaminoso a menos que tenha sido purificado de alguma maneira.

 Praticamente todas as mitologias do mundo usaram essa idéia "elementar" ou co-natural de um nascimento virginal para se referir a uma realidade espiritual em lugar de uma realidade histórica. O mesmo vale, como sugeri, para a metáfora da terra prometida, que em sua denotação nada assinala, exceto um pedaço de geografia terrena a ser tomado pela força. Sua conotação, ou seja, seu significado real, contudo, é a de uma região espiritual no coração que só pode ser adentrada por meio da contemplação.

Um princípio metodológico básico, a ser considerado ao interpretar a mitologia em termos psicológicos, nos indica que aquilo que no mito é chamado de "outro mundo" deve ser entendido psicologicamente como mundo interior ("o Reino do céu está dentro de ti"), e que aquilo que é referido como "futuro" é o agora.

Conta-se que Hallaj comparou o desejo do místico ao da mariposa pela chama. A mariposa vê uma chama ardendo à noite numa lanterna e, tomada de um desejo irresistível de estar unida àquela chama, põe-se a revolutear em torno da lanterna, namorando a flama até o alvorecer, quando retorna às suas companheiras para narrar-lhes nas mais doces palavras a sua experiência. "Você não parece ter melhorado com isso", é o que comentam, pois notam que suas asas estão amarrotadas e feridas: esta é a condição do asceta. Mas a mariposa volta na noite seguinte e, encontrando um vão no vidro da lanterna, se une completamente à sua amada, tornando-se ela mesma a chama.

Tampouco é nossa sociedade o que foi a antiga. As leis da vida social atualmente mudam a cada minuto. Não há mais segurança no conhecimento de alguma lei moral que foi comunicada. É preciso buscar os próprios valores e assumir responsabilidade pela nossa própria conduta, e não simplesmente seguir ordens transmitidas de algum período do passado. Ademais, estamos intensamente cientes de nós mesmos como indivíduos, cada um responsável pela sua própria senda, diante de si mesmos e de seu mundo.


Neste nosso mundo moderno, no qual todas as coisas, todas as instituições parecem caminhar celeremente para o despedaçamento, não há significado no grupo, onde todo o significado foi uma vez encontrado. O grupo hoje não passa de uma matriz para a produção de indivíduos. Todo significado é encontrado no indivíduo, e em cada um esse significado é considerado como único. No entanto, pensemos a título de conclusão no seguinte: quando você viveu sua vida individual de seu próprio modo aventuroso e, então, lança um olhar retrospectivo em sua trajetória, descobrirá que afinal você viveu uma vida humana que é um modelo.


 A causa secreta de sua morte é seu destino. Toda vida tem um limite e ao desafiar o limite você está trazendo o limite para mais próximo de você, e os heróis são os que desencadeiam suas ações, não importa que destino disso resulte. O que acontece, portanto, é uma variável dependente do que a pessoa faz. Isto é verdadeiro em relação à vida através de toda a existência. Aqui é revelada a causa secreta: o próprio curso de sua vida é a causa secreta de sua morte.


A morte, deste ponto de vista, é entendida como uma realização do sentido e propósito de nossa vida.

 

A terra prometida é qualquer ambiente que tenha sido metaforicamente espiritualizado. Um atraente exemplo dessa experiência universal é encontrado na mitologia dos navajos. Vivendo num deserto, os navajos atribuíram a cada detalhe desse deserto uma função e valor mitológicos, de forma que em qualquer lugar que as pessoas estivessem nesse ambiente, estariam meditando na energia e glória transcendentes que são o suporte do mundo. A terra prometida não é um lugar a ser conquistado por exércitos e sedimentado pela expulsão de outro povo. A terra prometida é um canto no coração ou é qualquer ambiente que haja sido mitologicamente espiritualizado.

 

Um dos grandes problemas da tradição cristã surge da interpretação da graça sobrenatural, a qual afirma, com efeito, que a salvação não procede de você, mas de fora de você por meio de algum tipo de experiência ritual. Mas a função do sacramento do batismo, por exemplo, não é derramar alguma coisa dentro de você, mas extrair alguma coisa de você. Os sacramentos são uma evocação, não uma doutrinação.

 

Adão e Eva são separados de Deus e se tornam cientes dessa ruptura no seu sentimento de unidade. Procuram cobrir sua nudez. E a questão se torna a seguinte: como voltarem ao Jardim? Para compreender este mistério, é preciso esquecer tudo a respeito de julgamento e ética e, inclusive, esquecer o bem e o mal. Jesus diz: "Não julgueis para não serdes julgados". Este é o modo de voltar ao Jardim. Você tem que viver em dois níveis: um a partir do reconhecimento da vida como ela é sem ser julgada, e o outro, de acordo com os valores éticos da própria cultura ou da própria religião pessoal e particular. Não são tarefas fáceis.

 

A imagem mitológica é aquela que evoca e direciona energia psicológica. É um signo de evocação e direcionamento de energia. Uma mitologia é um sistema de imagens do afetivo ou do emocional; essas próprias representações produzem a emoção ou o afeto. Nossa própria mitologia, a sua e a minha, constitui nossa herança particular de imagens ligadas ao afetivo. Observe, entretanto, o que foi feito com nossa mitologia. No plano racional, afirma-se que as imagens são absurdas e que, portanto, são destituídas de significado. Nosso sistema racional assim rompe as conexões delas e torna sua energia indisponível para nós em nossas vidas.

 

No casamento, por exemplo, quando alguém se sacrifica, o sacrifício não é realizado a favor do outro, mas a favor do relacionamento. No relacionamento ambos participam, de modo que você está se sacrificando a favor de um aspecto de você mesmo em relação a uma outra pessoa, e não há desenvolvimento psicológico fora do relacionamento. Isso é o que temos no centro. É a forma de uma cruz. Relacionar-se e ceder. Escuridão e luz associadas.

 E você está tanto no relacionamento quanto o outro, percebe o que quero dizer? E isto com o que está lidando, os dois juntos. E você deve pensar em si mesmo não como esta uma pessoa, como estas duas pessoas como uma. Tudo que digo é que se seu casamento não é a maior prioridade de toda sua vida, você não está casado. E o que costumo dizer é que o casamento não é um longo caso amoroso.

O casamento, como eu disse, não é um caso amoroso. É um ordálio. Se você o conceber desta forma, será capaz de vivê-lo. O ordálio consiste especificamente em sacrificar o ego pelo relacionamento.

 

 Como a pessoa comum alcança o transcendente? Para começar, eu diria, estudando poesia. Aprenda como ler um poema. Você não precisa ter a experiência da obtenção da mensagem, ou ao menos alguma indicação da mensagem. Esta pode surgir gradualmente. Há, entretanto, vários modos de chegar à experiência transcendente.


 O cristianismo é a única religião que sustenta a idéia de uma condição permanente chamada Inferno. Um pecado mortal é considerado como uma ofensa que condena uma pessoa ao Inferno. Outros sistemas religiosos encaram a idéia do Inferno mais como o purgatório cristão, ou seja, um estágio de purgação ou purificação. Morre-se tão preso a um sistema limitado de valores, que talvez não se possa abrir-se para a transcendência da Visão Beatífica de Deus nessa condição.

  Cristo responde ao último convite sedutor dizendo ao Demônio: "Não tenta o Senhor, teu Deus". Em outras palavras, permaneça sobre o chão e não pense que você é puramente espiritual, não esqueça que é espiritual e material.

De qualquer modo, os milagres na lenda de Cristo são padrões, do que não se conclui que não aconteceram, porque é certo que, como tem sido provado continuamente, curas miraculosas podem ser realizadas através de pessoas de grande compreensão espiritual. Muito do que perturba as pessoas é, de alguma forma, puramente psicológico e, assim, elas reagem a intervenções espirituais. Muitas curas de enfermidades psicológicas podem ocorrer pela influência de pessoas espiritualmente iluminadas. É possível, portanto, que milagres sejam funções de espiritualidade profunda.

Seria possível, todavia, contemplar a cena da última ceia de um modo bastante distinto daquele no qual é geralmente contemplada. Quando Cristo toma o pão, o mergulha na tigela e diz: "Aquele a quem entrego este bocado me trairá", trata-se de uma profecia ou de uma designação? Penso que se trata de uma designação. Sugere, inclusive, que o elegível para aquela designação era o mais desenvolvido do grupo, isto é, aquele que realmente compreendia o sentido do que estava acontecendo. Judas é o parteiro da salvação, o coadjuvante de Cristo. É ele que O entrega à Sua morte, e ele próprio morre nas sombras.

 

Tudo era visto com olhos fixados na Terra. O sol nascia e se punha. Josué fez parar tanto o sol quanto a lua para ter tempo de terminar um massacre. Após a caminhada na lua, não foi possível mais sustentar o mito religioso que alimentava tais idéias. Graças à nossa visão da ressurreição da Terra, pudemos ver que a Terra e os céus não eram mais divididos, mas que a Terra está nos céus. Não há divisão e todas as noções teológicas baseadas na distinção entre os céus e a Terra ruíram com essa compreensão. Há uma unidade no universo e uma unidade em nossa própria experiência. Não podemos mais buscar uma ordem espiritual fora de nossa própria experiência.

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[Filme] Franquia Hellraiser (1987-2018)





1 - Introdução




Os quatro primeiros filmes formam uma estória razoavelmente bem amarrada. A partir do 5º filme os roteiros perdem a graça sendo apenas caça níqueis.



Minha ideia era ver todos, mas a qualidade caiu tanto que acabei desistindo. Vi apenas até o 6º filme.






2 - A franquia do Inferno




2.1 - Hellraiser 1 - Renascido do Inferno 1987 - Uma esposa infiel (Julia) encontra o zumbi de seu amante morto, que está sendo perseguido por demônios (cenobitas) depois que ele escapou de seu inferno sado-masoquista. Julia então passa a alimentar o zumbi com seres humanos, mas problema acontecem.



Destaque para:





  • A participação de Clive Barker no roteiro/produção do filme,

  • A atuação de Clare Frances Elizabeth Higgins (Julia),

  • A maquiagem destalhada do zumbi sem pele.









2.2 - Hellraiser 2 - Renascido das Trevas - 1988 - Lançado em 1988, é a continuação do clássico de terror Hellraiser, a obra-prima do escritor inglês Clive Barker. O filme começa de onde o primeiro parou. A jovem Kirsty (Ashley Laurence), afetada pelos fatos ocorridos, encontra-se em um hospital psiquiátrico.



Ela se vê novamente em apuros com uma misteriosa caixa que serve como portal para a dimensão dos terríveis demônios Cenobitas. O dispositivo é utilizado para trazer de volta do inferno sua malvada madrasta Julia (Clare Higgins), que passa a assassinar inocentes.



Destaque para:





  • A caracterização do inferno como um labirinto de aparência infinita,

  • A atuação de Clare Frances Elizabeth Higgins (Julia),

  • A produção elaborada do filme com vários cenários detalhadamente elaborados.





2.3 - Hellraiser 3 - Inferno na Terra - 1992 - Um bizarro artefato cai nas mãos de um dono de boate que, acidentalmente liberta Pinhead, o mestre da dor e do prazer.



A criatura das trevas lhe promete todos os prazeres desejados desde que sacrifique seres humanos num altar. Isso não dá certo e uma repórter (Terry Farrell) decide lutar contra os cenobitas. 



Destaque para:





  • A magnífica sequencia de confronto nas ruas de Nova York,

  • A atuação da linda Terry Farrell,

  • A cena no o massacre no bar The Boiler Room.







2.4 - Hellraiser 4 - Herança Maldita - 1996 - No século 22, o brilhante cientista Merchant vive com um enorme peso na consciência: seu antepassado Philip foi o responsável pela abertura das portas do inferno ao criar a primeira caixa





É por isso que ele quer, de uma vez por todas, vencer a dura batalha contra Pinhead, líder das criaturas das trevas.  O filme não  é ruim, mas poderia ter sido muito melhor.



Destaque para:





  • A explicação da origem da caixa,

  • A estória que se desenvolve em três épocas diferentes,

  • A sequência final no espaço com a última caixa criada por um Merchant.





3 - Conclusão



Aguardo talvez o remake do primeiro filme e a leitura dos dois livros do autor, quando tiver tempo.



Recomendo os primeiros filmes, mas se alguém quiser saber sobre os demais tem o vídeo do Getro.



Grande abraço!




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Dieta Cutting 2.0 (2020-2021)

 

Photo by Pineapple Supply Co. from Pexels

Atualizando...

Café da manhã


Shake ou Mingau

Suplementação e Saborização

Observações 

 

  • até 60 g (2 scoops) de whey e/ou mix de proteínas 
  • 1 colher de sopa de pasta de amendoim 
  • 30g de farelo de aveia (e ainda misturo com psyllium)
  • 3 castanhas do Pará picadas (facultativo)
  • água  

  • sem suplementação, mas poderia colocar creatina aqui, pois não altera o sabor.
Saborização 
  • Adoçante - 1 colher de chá de adoçante - quando o whey não vier adoçado, como Stevia ou Xilitol
  • Sabor chocolate - 1 colher de chá de cacau em pó alcalino quando o whey não tiver sabor ou pra complementar
  • Iogurte natural  - aumenta a quantidade de gordura da refeição, mas algumas colheres dele dão um sabor agradável
  • Pedações de frutas: 4 morangos ou uma maça picada etc

  • consumo pelo menos 2L de água ao longo do dia 
  • quando não consigo tomar isso de manhã, tomo normalmente como sobremesa do almoço. 
  • as castanhas do Pará também podem ser ingeridas juntos com o almoço como parte da salada, nesse caso não as adiciono ao mingau ou shake


Almoço


  • 150-200g de gado, frango ou peixe
  • salada à vontade (temperado com 1 fio azeite de oliva ou macadâmia)
  • pouco carboidrato (feijão, arroz, macarrão integral etc)
  • 1 fruta ou pedaço dela  de sobremesa (facultativo - abacaxi, maça, manga etc)

 Suplementação

  • vitamina mk7 - 100 a 120 mcg
  • multivitamínico  - 1 cápsula
  • omega 3 - 540mg (EPA+DHA) - essa dosagem é variável, pois nos dias em que como peixes gordos (atum, sardinha etc) não vejo necessidade de suplementar
  • picolinato de cromo - 100/125 mcg
  • vitamina complexo B -1 cápsula (ultimamente tenho preferido tomar a vitamina B ao final do dia após a janta e tenho tomado zinco após o almoço)

  Observações 

  • sem observações 
Clique para ampliar

 


 

Lanche da tarde


 Shake


Observações 
  • até 60g de whey e/ou mix de proteínas
  • 1 colher de sopa de pasta de amendoim 
  • 30g de farelo de aveia  (e ainda misturo com psyllium)
  • 1 colher de chá de adoçante
  • 1 colher de chá de cacau em pó alcalino para saborizar (facultativo)
  • 3 castanhas do pará picadas
  • água

 

  • sem suplementação 

  • se a fome apertar, faço um segundo lanche da tarde semelhante ao almoço, mas sem suplementação

 

Janta


Suplementação

Observações 

  • 150-200g de gado, frango ou peixe
  • salada à vontade (temperado com vinagre de maça)
  • pouco carboidrato (feijão, arroz, macarrão etc)
  • 1 fruta ou pedaço dela  de sobremesa (abacaxi, maça etc)

 

  • vitamina D3
  •  omega 3 - 540mg (EPA+DHA)
  • picolinato de cromo
  • magnésio quelato - 260mg
  • mix de extrato de ervas calmantes (passiflora, valeriana, mulungu e erva cidreira) (2 cápsulas - composição ao lado)

  • sem observações 


clique para ampliar
fraco, mas ajuda

 

Ceia



Suplementação


 

  • 1 fruta ou pedaço dela  de sobremesa (abacaxi, maça etc) ou 
  • sport drink (mix de aminoácidos - arginina, creatina, taurina, etc) ou 
  • chá ou 
  • suco de frutas (morango, abacaxi, limão etc)

- Permanente:

  • gaba - 800mg
  • UCII - 40mg
  • melatonina - 5mg
  • turkesterone - 1g
  • mix de extrato de ervas calmantes (passiflora, valeriana, mulungu e erva cidreira) (2 cápsulas)

Eventual:

  • garra do diabo - 1g
  • glucosamina com condroitina - 1 saché (1500mg do primeiro e 1200mg do segundo)

Observações 

  • em dia de treino, tomo o sport drink durante o treino com cafeína, guaraná em pó + 1 ou 2 paçocas de amendoim


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  • https://scantsa.blogspot.com/2020/02/dieta-cutting-2020.html
  • https://scantsa.blogspot.com/2020/08/refeicoes-liquidas.html
  • https://scantsa.blogspot.com/2020/07/lista-de-supermercado-parte-1-alimentos.html

[Livro] Pancadaria (2018)/ Reed Tucker - Parte 2

 



 

Por mais que os leitores gostem de romantizar o negócio dos quadrinhos, é exatamente só isso: um negócio. Art Spiegelman, ganhador do prêmio Pulitzer, responsável por Maus – A História de um Sobrevivente, chama os quadrinhos de “a cria bastarda da arte e do comércio”. E dinheiro (medido em parte pelas vendas) ainda é um dos componentes mais importantes em cada uma dessas edições que você colocou em um papelão, ensacou e guardou com amor no armário – se não para os autores envolvidos, então certamente para seus chefes corporativos em seus aquários.
 

A DC nasceu na década de 1930, os principais heróis da Marvel só viriam a surgir mais de 25 anos depois. Se a DC representa os Estados Unidos de Eisenhower, a Marvel é como o país de John F. Kennedy. A editora era mais jovem, mais descolada e provavelmente estava indo para a cama com alguém. A Marvel moderna que chegou em 1961 rapidamente sacudiu a indústria de quadrinhos de uma forma que refletia os dramáticos sofrimentos culturais e políticos que todo o país estava experimentando.
 

O Superman de 1938 era um herói muito mais pé no chão (literalmente) do que a versão que ele evoluiria para ser posteriormente. Seus poderes eram limitados. Ele não podia voar. Em vez disso, tinha o poder de apenas saltar duzentos metros. Ele tinha uma força aumentada, mas estava longe de ser invulnerável. Diziam que um morteiro seria capaz de perfurar sua pele. Os tipos de casos que ele escolhe lidar são igualmente mundanos. Em suas primeiras aparições, ele jogou contra a parede um marido que espancava a mulher, revelou um sistema judicial corrupto e acabou com um linchamento. Superman agia menos como o benfeitor de coração de ouro que se tornaria mais tarde e mais como um ativista hippie que poderia morar no fundo do corredor da sua república universitária.


A indústria dos quadrinhos é cíclica, com gêneros e personagens entrando e saindo de moda como um jeans de cintura alta. Faroestes foram quentes por alguns anos, depois sumiram. Quadrinhos de romance estavam a toda, depois era impossível conseguir um exemplar de Flaming Love. O mesmo tem sido verdade para os super-heróis. Cerca de dez anos depois de Superman ter aparecido pela primeira vez, o público começou a ficar um pouco entediado com a ideia de superpoderes, e o gênero vacilou. Títulos foram cancelados por todo o mercado, inclusive alguns na DC. As aventuras do herói que possuía o anel, o Lanterna Verde, chegou a um fim abrupto em 1949, e em 1951 a DC desceu o machado na Sociedade da Justiça da América, uma superequipe composta pelo rol de personagens da editora da época da Segunda Guerra Mundial, incluindo Gavião Negro, Homem-Hora e Senhor Destino.
 

“Eu ressaltei que o leitor médio de quadrinhos começava a lê-los aos oito anos e os abandonava aos doze”, o falecido Schwartz escreveu em sua autobiografia, Man of Two Worlds. “E uma vez que mais de quatro anos já haviam passado, existia um público totalmente novo que realmente não sabia que o Flash tinha fracassado, e talvez eles pudessem dar uma chance.”

 

A edição de outubro de 1956 chocou a Nacional com seu sucesso. Vendeu 59 por cento da tiragem de 350 mil exemplares. Uma sequência foi agendada rapidamente e o Flash retornou oito meses depois na Showcase nº 8, depois de novo na nº 13 e na nº 14. As edições subsequentes também venderam bem, e o personagem foi promovido para seu próprio título. Flash estreou em 1959, embora na edição nº 105, em vez da nº 1, seguindo a numeração de onde a série do personagem anterior havia parado em 1949.
 

Por grande parte do começo da sua vida, a Marvel era o equivalente a uma banda cover ruim. Era menos “A Casa das Ideias”, como ficaria conhecida posteriormente, e mais “a casa das ideias das outras pessoas”. “Éramos uma empresa de macacos de imitação”, Stan Lee diz da empresa à qual ele se juntou em 1940, como office boy.
 

O chefe da Marvel, uma vez, resumiu sua estratégia de negócios como “se você conseguir um título que se popularize, então acrescente mais alguns e vai ter um bom lucro”.


Durante os anos 1940 e 1950, a Marvel saltou de moda em moda, com pouca originalidade ou vanguardismo em evidência. Quando os quadrinhos policiais começaram a decolar, a Marvel deu aos leitores Lawbreakers Always Lose [Contraventores sempre perdem] e All-True Crime [Só crimes de verdade]. Se a Turma do Pernalonga e animais divertidos eram a coisa do momento, ela empurrava o Wacky Duck. Quando faroestes de segunda começaram a fazer sucesso em Hollywood, a Marvel desenrolou Ted Chicote e o Arizona Kid. A empresa até publicou um título chamado Homer the Happy Ghost, que tinha mais do que uma simples semelhança com Gasparzinho, o Fantasminha Camarada.
 

“Martin achava, naqueles dias, que nossos leitores eram crianças muito, muito pequenas, ou então pessoas mais velhas que não eram muito inteligentes, ou não estariam lendo quadrinhos”, Lee disse em um comentário em áudio em 2006 para o livro Stan Lee’s Amazing Marvel Universe. “Eu não acho que Martin tivesse mesmo grande respeito pela mídia, e, por isso, recebi a ordem de não fazer histórias que fossem muito complexas, não me alongar demais em diálogos ou em caracterizações.”

 

Em 1961, Kirby e Lee se uniram para um novo tipo de história de super-herói, e os resultados seriam muito mais memoráveis. O que eles criaram foi uma equipe de aventureiros que ganham poderes fantásticos depois de voar para o espaço e ser bombardeados por raios cósmicos. O cientista Reed Richards, também conhecido como Sr. Fantástico, ganha a habilidade de esticar seu corpo como elástico. Sua namorada, Sue Storm, tem o poder de se tornar invisível e ganha o codinome de Garota Invisível. O irmão dela, Johnny Storm (o Tocha Humana), descobre-se capaz de explodir em chamas, e o amigo de Reed, Ben Grimm (o Coisa) é transformado em um monstro laranja de pedras. Parece bem ordinário, e o conceito tem alguns ecos de uma HQ que Kirby fez para a DC em 1957, Desafiadores do Desconhecido, sobre um grupo de quatro aventureiros que sobrevivem a um acidente de avião e enfrentam missões.
 

No mundo do Quarteto Fantástico, poderes não necessariamente levavam à alegria; se serviam para alguma coisa, era para ser fonte de mais problemas. Os quatro reagiram às suas novas habilidades como uma cena tirada diretamente de um filme de terror. O Coisa fica deprimido por estar preso em sua forma pedregosa e laranja. Sue fica aterrorizada quando começa a desaparecer. Outro toque inovador: os personagens discutiam um com o outro como crianças em uma longa viagem de carro.



Os heróis da DC eram insossos, mais estáveis e menos propensos a serem consumidos por suas emoções. Eles tinham menos fraquezas humanas e pouca caracterização além de fazerem o bem. Como resultado, eles pareciam mais como recortes de papelão do que pessoas reais.
 

“Há algo fundamental sobre o ambiente em que esses heróis foram imaginados”, diz Joan Hilty, um editor da DC de 1995 a 2010. “Todos os heróis da DC são realeza. Superman é o último filho de um planeta alienígena. Batman é um cara super rico. A Mulher-Maravilha é uma princesa. O Lanterna Verde é um piloto de combate de primeira linha. Aquaman é o rei dos mares. Todos esses heróis surgiram nos anos 1930 e 1940, durante as Guerras Mundiais e a partir de um desejo de encontrar arquétipos que pudessem salvar países inteiros. Os personagens da DC são muito perfeitos e vinculados a um tempo diferente.”


O conceito de anti-heróis que a Marvel cooptou estava borbulhando na literatura há pelo menos uma década, começando em 1951 com O apanhador no campo de centeio e continuando com o clássico beat de 1957: On the road – Pé na Estrada. Foi um conceito que se mostrou particularmente atraente para aqueles tempos de moral turva. Os heróis da Marvel não eram os velhos personagens limpos e de queixo quadrado. Eles nem sempre agiam de forma heroica. Na verdade, a primeira onda de personagens da Marvel, de 1960, parecia ter mais em comum com os monstros que povoavam os gibis da empresa alguns anos antes.

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[♫] O Melhor de Vivaldi

 

 


Vivaldi

 Concerto para violão em ré maior (RV 93)

 


 Concerto para dois trompetes em dó maior (RV537)


 

 Sonata para dois violino (RV60)


 

 Glória (oratório para três cantores solo, coro e orquestra) (RV589)


 

 concerto para dois violoncelos em sol menor (RV531)


 

 Concerto para orquestra dupla (RV585)


 



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[Livro] Stephen King, a biografia (2017) Parte 2

 





 “Há sempre o impulso de ver alguém que não seja você morto”, disse ele. “Esse impulso não muda porque a civilização ou a sociedade querem, ele está programado na psique humana, é uma necessidade perfeitamente humana de dizer ‘Estou ok’, e a maneira pela qual julgo isso é a de que essas pessoas não estão ok.”


Quando Steve trabalhou na fábrica da Worumbo Mills, ficou fascinado pelas hordas de ratos que circulavam o tempo todo no local. “Enquanto esperava que meu cesto enchesse, eu atirava latas nos ratos”, contou. “Eles eram grandalhões, e alguns deles ficavam de pé nas patas traseiras, pedindo comida como cachorros.”


Seu irmão, David, entrara na universidade anos antes. Quando os dois eram estudantes, Ruth mandava cinco dólares para cada um toda semana, a fim de que eles tivessem algum dinheiro para as despesas cotidianas. “Depois de sua morte, muitos anos depois, descobri que ela várias vezes deixou de fazer refeições para nos mandar aquele dinheiro, que nós aceitávamos sem pensar muito”, disse ele. “Foi muito perturbador.”


“Steve tinha um ponto de vista muito especial”, disse seu colega Michael Alpert. “Ele não acreditava nem um pouco no cânone oficial – o currículo de Harvard. Para ele, muitos dos autores mais populares tinham mais a dizer. Ele não se referia apenas ao tema, mas à linguagem. Sua sensibilidade já estava formada naquela época.”


“Ele era uma dessas pessoas que não conseguem passar despercebidas”, disse MacLeod, contando como Steve era alto mas estava sempre tentando disfarçar sua altura ficando ligeiramente curvado. Também era difícil não notar seu cabelo preto, longo e oleoso, chegando aos ombros, seus óculos de fundo de garrafa e sua maneira desleixada de se vestir. “Ele sentava na borda do círculo, pigarreando e fazendo comentários sobre um poema ou o que os outros estudantes estavam dizendo”, acrescentou MacLeod. “Ele sempre tinha uma opinião diferente, raramente concordando com o grupo. Ele gostava de discutir com as pessoas só para ser diferente.”


Mais tarde, Steve daria detalhes sobre seu consumo de drogas nos anos da universidade. “Tomei um bocado de LSD, peiote e mescalina, mais de sessenta viagens ao todo”, ele disse. “Nunca tentei converter ninguém para o ácido ou outras drogas alucinógenas, porque algumas pessoas encaram bem as viagens, outras têm uma viagem ruim, e esta última categoria pode sofrer sérios danos emocionais.”


“A literatura deve ser algo tórrido e próximo”, disse. “Quero que ela alcance a pessoa, agarre-a e a prenda em um abraço ardente, sem deixá-la partir. Sempre busquei machucar o leitor e, ao mesmo tempo, diverti-lo. Acho que um livro deve ser uma coisa realmente viva e perigosa, em várias maneiras.”


Na coluna de 18 de dezembro de 1969, ele escreveu: “Talvez haja um buraco em nosso mundo, talvez no tecido de nosso Universo, pelo qual as Coisas vêm e vão. Pode ser que em algum outro mundo todos os nossos antigos bichos-papões existam, andem e falem – e ocasionalmente se percam em nossa esfera”.


Como professor de inglês do ensino médio, ele estava finalmente colocando em uso seu diploma de graduação, apesar de rapidamente descobrir que ensinar não era aquilo que imaginara. “Eu pensava que dar aulas me garantiria uma vida de classe média, não imaginava que fosse significar pobreza”, afirmou. “Ser professor do ensino médio é como ter cabos para bateria conectados nas suas orelhas, sugando toda a energia que há em você. Você chega em casa, tem provas para corrigir e fica sem vontade de escrever. Pretendíamos ter um carro, esperava-se que fôssemos ter uma vida decente, mas estávamos piores do que quando eu trabalhava na lavanderia.”


“Comecei a beber demais e a jogar dinheiro fora com pôquer e sinuca. É a clássica cena: é sexta-feira à noite, você desconta o cheque do pagamento da semana no bar e começa a virar, e, quando se dá conta, já se foi metade do orçamento semanal para comprar comida. Para mim, o objetivo era sempre ficar tão chapado quanto possível. Nunca entendi o que chamam de beber socialmente, para mim parecia com beijar sua irmã. Até hoje não consigo imaginar por que alguém quer beber apenas socialmente.”


“Normalmente não descrevo os personagens sobre os quais escrevo porque não acho necessário”, disse. “Se os leitores pensarem neles como pessoas de verdade, colocarão neles o rosto que desejarem.

 
“Eu havia escrito O Iluminado sem perceber que estava escrevendo sobre mim mesmo”, disse. “Nunca fui a pessoa mais autoanalítica do mundo. As pessoas sempre me pedem para analisar o significado de minhas histórias, para relacioná-las com a minha vida. Ainda que eu nunca tenha negado que elas... têm alguma relação com a minha vida, eu sempre fico perplexo quando me dou conta, anos mais tarde, de que de alguma maneira eu estava delineando meus próprios problemas e, de certa forma, me autopsicanalisando.”


“O dinheiro deixa você um pouco mais são”, disse. “Você não tem de fazer coisas que não quer.”


“Basicamente, o que faço é falar coisas que as outras pessoas têm medo de dizer. Esse trabalho não é muito diferente do de um autor de comédias. Do que é que ninguém quer falar, o equivalente a pegar um garfo e arranhar um quadro-negro com ele, ou fazer com que alguém morda um limão? Quando descubro que coisa é essa, geralmente a reação dos leitores ou espectadores é ‘Obrigado por dizer isso, por articular esse pensamento’”.


“Amo o fogo, amo a destruição. É sensacional, é sinistro e é excitante. A Dança da Morte me trouxe muita satisfação porque nele tive uma chance de remover a raça humana, e uau, foi divertido! Boa parte do sentimento compulsivo e de urgência que tive enquanto trabalhava em A Dança da Morte vinha da emoção de imaginar toda uma ordem social estabelecida destruída de um só golpe. É a faceta de bombardeador maluco da minha personalidade, suponho.”


“Há algumas coisas que faço quando sento para escrever”, explicou. “Eu pego um copo de água e uma xícara de chá. Há um horário certo para sentar, entre oito e oito e meia, em algum momento desse intervalo de meia hora todas as manhãs. Tenho minhas vitaminas e minha música, sento na mesma cadeira, e os papéis ficam dispostos nos mesmos lugares. O objetivo é fazer as coisas da mesma maneira todas as manhãs, é dizer para a mente ‘Você estará sonhando em breve’.” “Não é diferente da rotina para dormir. Você vai para a cama de um jeito diferente toda noite? Há um lado da cama no qual você dorme? Quero dizer, normalmente escovo meus dentes, lavo minhas mãos. Por que alguém lavaria suas mãos antes de se deitar? Não sei. E os travesseiros têm de estar em uma determinada posição. O lado aberto da fronha tem de estar voltado para dentro, para o outro lado da cama. Não sei por quê.”


[Anime] The Abashiri Family {1991}



Introdução

Mais uma animação antológica.

O bizarro aqui é o clima de incestuosidade e putaria no ar: todo mundo parece querer trepar com a protagonista, que se defende na porrada como pode.


Sinopse


A família Abashiri é uma notória gangue de criminosos. No 16° aniversário de Kikunosuke, Papai Abashiri revela a todos que o terceiro filho é, na verdade, uma menina. Para que Kikunosuke receba uma educação adequada e se torne uma dama, ele decide matriculá-la na Escola Paraíso, um prestigioso colégio interno. Entretanto, o que ele não sabe é que essa escola não tem a intenção de formar seus alunos. Os professores são assassinos com tendências pervertidas e homicidas. 

 

Conclusão 


Mais uma animação muito doida dos japas. 

Se fosse de outro país seria muito underground/alternativo, mas no Japão parece quase mais do mesmo.

Recomendo para curiosos.

Grande abraço!

P.s.: parece que essa podreira virou live action em 2009 - não sei se algum dia terei coragem de ver.



 

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https://malkavanimes.fansubs.com.br/2020/04/27/abashiri-ikka-the-abashiri-family/
https://peakspiderfansub.home.blog/filmes-ovas-e-especiais/abashiri-ikka-completo/

[Mente] O Hábito do Descanso

The Procuress (Vermeer)

Atualizado em 2023

Introdução 


"Quilometragem de puta se refere ao número máximo de trepadas com estranhos que uma prostituta pode oferecer antes de perder sua sanidade. De acordo com Iceberg Slim, um bom cafetão pode medir a quilometragem de um meretriz desde a primeira vista."
Esse é o conceito-base do post de hoje.

Quilometragem Masculina 


De certo modo, todos vendemos uma parte do corpo pra sobreviver em uma sociedade caótica e paradoxal até chegarmos ao fim eventualmente sem sentido e, em muitos, casos deplorável.

Isso não é animador e normalmente escolhemos nem pensar nisso.

De qualquer forma, acredito que há um número limitado de merdas (não quantificável, mas sentido na pele) que a vida pode aprontar com a gente antes de um colapso físico-mental. 

A ideia é não ultrapassar esse limite, pois não vale a pena (salvo em caso de calamidade pública: guerra, fome etc). Não quer dizer que depois de se ultrapassar esse limite morreremos de maneira "antecipada", mas quem vive no limite tende a diminuir sua própria expectativa de vida e adoecer mais.

Minha Experiência


No ano em que minha mãe morreu meu casamento quase acabou (coincidência? talvez não.). Minha cabeça ficou muuuito zoada.
No ano em que meu irmão morreu, tive uma apendicite enquanto minha carga no trabalho batia picos de stress (em um ano normal eu teria aguentado melhor). Uma bosta.

Em ambos os casos, tive sorte de poder tirar férias e licenças médicas em razão desses ocorridos pra poder me recuperar.

Mundo Quase Ideal  


Nesse mundo poderíamos tirar meses ou anos sabáticos, ficar alguns meses na praia ou em outro lugar em contato com a natureza (cantos de pássaros, mosquitos etc) ou ficar meditando em algum retiro espiritual.

Isso não existe para a maioria no Bostil.

A opção é cuidar da alimentação, fazer exercícios, dormir bem, se divertir, meditar, cultivar uma fé positiva, fazendo algum tipo de detox no final de semana de toda a bosta em que estamos afundados até o pescoço nessa coisa chamada civilização. Seja criativo.
Uma amiga contou-me que teve um namorado que toda vez que tinha um aborrecimento na vida tirava algumas horas para uma soneca. Eis uma forma natural de se lidar com o stress.

Lista de atenuantes práticas

Criar e seguir bons hábitos:
  • atividade física regular;
  • não se envolver em tretas desnecessárias
  • alimentação/dieta/suplementação balanceada
  • comer sempre nos mesmo horários
  • dormir nos mesmos horários
  • ler bons livros
  • ver bons filmes
  • disciplina, disciplina, disciplina
  • etc


Conclusão


Desenvolva o hábito de descansar.

Preserve sua energia vital pelo descanso (diversão não extenuante também é descanso).

Não hesite em descansar assim que puder.

No dia seguinte, a vida pode vir com tudo pra cima de você novamente.

Grande abraço!


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