indicação do Frugal Simples |
O fato é que no mercado especulativo todo lucro não realizado é ilusão.
Todo aquele que julga poder controlar-se para colher os lucros, e afastar-se do Mercado, com certeza nunca participou de jogadas especulativas em que ganhou consistentemente. Os que sentem o gosto da vitória não param. O jogador simplesmente engolfa-se nos trâmites do jogo e sua mente não se interessa por nada mais. Ele não sai não porque não queira, mas porque alguma força acima da sua vontade o segura.
Para
nós, Investidores, o que menos interessa é que o nosso patrimônio se
valorize. O que desejamos é que as empresas das quais somos acionistas
cumpram com a sua obrigação legal e elementar de distribuir a parcela
dos lucros a que temos direito como sócios. É muito desonesta ainda a
afirmação de que para o acionista – esse débil mental que precisa
tutelado, já que não sabe onde aplicar seu dinheiro – é melhor não
receber dividendos e deixá-los com a empresa.
A
revista FORTUNE não demonstra nem respeito nem simpatia para com os
pequenos acionistas, ao discutir a questão da necessidade que eles têm
de receber dividendos. A certa altura, sugere-se que, “se precisarem de
dinheiro, (os acionistas) poderão converter os papéis em moeda”, ou
seja, vendê-los. É insinuação velhaca. Para quem comprou ações a fim de
obter rendimento, se possível perpétuo, com a intenção de mantê-las em
seu poder durante o tempo em que delas receberem remuneração, esse
conselho é inaceitável, beirando o insulto.
Atente,
leitor, para este pormenor: os dividendos são perpétuos e
transmissíveis para os descendentes do Investidor. Não são como os
benefícios da previdência, que, além de baixos, cessam com a morte do
contribuinte.
O
estudo que realizamos teve um final característico. A instituição pagou
caro pelo trabalho, mas jamais o utilizou no objetivo a que se
propunha, qual seja a publicidade. Não era para menos. Nós concluímos o
estudo deixando claro que a previdência social – oficial ou particular –
é mau negócio para o associado. A pessoa contribui durante largo
período da sua vida de adulto e depois se aposenta com a esperança de
passar a receber uma quantia mensal que mantenha seu padrão de vida. Mas
logo em seguida percebe com amargura que a pensão que lhe pagam está
longe de lhe assegurar o padrão de que desfrutava no tempo em que
estava na ativa. Os índices de correção das pensões são fixados pelo
governo, que, desonestamente, manda pagar menos que a taxa de corrosão
da moeda. Essa política cruel, mas sistemática, faz com que as pensões
decresçam de maneira gradual, quase imperceptível, o que só é constatado
depois de alguns anos, quando a vítima não tem mais possibilidade de
reagir.
Em
matéria de dinheiro, na Bolsa como na vida, você está sempre só.
Prepare-se para tomar atitudes sozinho e também para nunca repartir
responsabilidades nem vantagens.
Casa
própria é a base da vida. Ter casa própria livra a pessoa de
inumeráveis dissabores, o menor dos quais é ter de periodicamente
procurar moradia e submeter-se às humilhações que são impostas pelas
administradoras de imóveis.
O
investimento em Bolsa não pode ser considerado um pomar em que você
planta a árvore para usufruir de frutos e de sombra para o resto da
vida. Você pode ter escolhido a semente errada ou não ser apropriado o
solo em que plantou a árvore e, no final, depois de muitos anos, poderá
não haver nem frutos nem sombra. Na Bolsa não há compras definitivas. Se
você compra uma ação que não deu certo, será vital para sua
sobrevivência que mude para outra ação.
Reaplicar
ou gastar são, em suma, dois objetivos divergentes e inconciliáveis.
Parece lógico admitir que, se não se precisar de dinheiro, é melhor
deixar que o investimento amadureça para só depois passar-se a usufruir
dos seus rendimentos.
A
noção de que as Bolsas podem constituir a solução para muitos problemas
vem do começo deste século, quando corretores astutos tentaram difundir
nos Estados Unidos a ideia do “Capitalismo do Povo”. Não deu certo. Não
que os operários não estivessem dispostos a adorar o bezerro de ouro.
Estavam. A questão é que mal ganhavam para comer e não sobrava nada para
investir. Ainda hoje é assim.
Dentro
das regras do Sistema, o proletariado jamais chegará ao Paraíso. Mas a
classe média pode chegar lá, se mudar seus hábitos de consumismo inútil e
aplicar corretamente suas sobras de capital.
Day-trades são modalidade puramente especulativa, constituindo jogo e nada mais do que isso.
Você
sempre deve investir o dinheiro que tiver disponível e que não faça
falta. E deixar o barco correr. Com o passar do tempo, você verá muitas
baixas e muitas altas. Verá também booms estonteantes e crashes
arrasadores. Para o Investidor, um crash é esperança de novo dia; para o
Especulador, pode ser a sentença final. É preciso que você se
conscientize de que booms e crashes se revezam continuamente, para ficar
alerta e evitar as armadilhas que em ambos ocorrem.
Para
mim, ação sem dividendo é como se não existisse. Só passará a existir
quando a empresa pagar dividendos com bom cash-yield, não uma vez, mas
sempre e de forma sólida e crescente, compatível com o preço de venda. A
situação ideal no Mercado seria aquela em que um papel só se
valorizasse quando a empresa pagasse dividendo melhor.
Enquanto
os práticos ganham dinheiro, os teóricos se realizam fazendo adeptos.
Ultimamente, leitores têm me pedido para ajudá-los a interpretar “topos
duplos”, “gaps de quebra” e “retas de pescoço”. Outros falam com
desembaraço a respeito de efficient markets, contrary opinions e índices
beta de risco. Barbaridade. Bolsa não é nada disso. Os Investidores
deveriam comprar ações com a mentalidade das mulheres que compram
laranjas nas feiras. Elas só se preocupam em distinguir as laranjas
doces das azedas e pagar o preço mais barato possível.
Multidões
de Investidores da Bolsa nunca especularam. São pessoas que não
cursaram faculdades, que não sabem para que serve a matemática
financeira, que não usam computadores em seus negócios particulares e
que falam a nossa linguagem de homens comuns, mas que conquistaram a
independência financeira no mercado de ações aplicando sistematicamente
um capital que não fazia falta nas despesas do dia a dia. Comprar,
comprar e comprar ações de empresas sólidas até alcançar o objetivo
final, e ficar longe do agitado mundo da Bolsa e das suas más
influências, eis o segredo. É conselho prático, decepcionante pela sua
simplicidade e que por isso mesmo as pessoas de mente complicada relutam
em aceitar.
mais
de 95% das ações apregoadas nas Bolsas de Valores de todo o mundo são
negociadas não pelo que valem, mas por preços escandalosamente falsos e
sem nenhuma correspondência com valores intrínsecos.
A
Análise Gráfica é tão conclusiva quanto as profecias de Nostradamus. Só
depois que os fatos acontecem é que os experts conseguem localizar o
texto que os tinha vaticinado.
Boom
é prenúncio de crash. A massa de dinheiro irresponsável que entra no
mercado é tão grande que as cotações sobem a níveis incontroláveis e
atingem patamares que os profissionais logo reconhecem como sendo
irreais. Para os verdadeiros profissionais, é tempo de colheita. Eles
embolsam os seus lucros e se retiram para uma distância prudente,
deixando o campo aberto para a turba predatória. E a Bolsa vira
pandemônio. Estabelecido o caos, a autoridade intervém e a algazarra
termina, com grande frustração dos participantes. Eles então caem na
realidade, recolhem o que podem salvar e vão para casa envergonhados.
Lembro-me
de que como Investidor da Bolsa não foram muitas as ocasiões em que
tive de vender apressadamente minha participação em empresas, ao menor
indício de trapaças. Mas, se devido a alguma decepção tive de vender,
vendi sem hesitar. Decisões desse tipo livraram-me de muitos dissabores.
LEMBRETES
• Preços não sobem nem descem na Bolsa de Valores; são puxados
ou derrubados.
• Na Bolsa, como no amor, é melhor esquecer os maus
momentos.
• Ter dinheiro e perdê-lo é pior do que nunca tê-lo tido.
• Há
duas coisas que incomodam na Bolsa: os prejuízos da gente e os lucros
dos outros.
• O futuro recompensa os que têm paciência com ele.
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livro que inspirou Bazin foto de Tiago Guitián Reis |
Olá, Scant. Concordo com quase tudo. Eu li esse livro ha bastante tempo e não me lembrava muito bem dos detalhes, acho que não fiz anotações sobre ele na época pois, ao que me parece, quase todos os livros que falam sobre ensinamentos de bolsa e não de algum tipo de análise falam sobre os mesmos temas.
ResponderExcluirQuanto ao day-trade e especulações, acho válido que exista. São esses caras que dão a liquidez do papel para necessidades em que precisamos vender e embolsar o dinheiro.
Também não sou adepto de comprar ações que não paguem dividendos. Meu principal objetivo com investimentos é poder, em algum momento, fugir de problemas futuros (trabalho excessivo, depender do governo, possíveis doenças e compra de bens futuros) e isso é cumprido quando entra renda recorrente e não preciso ficar olhando preços de ação a todo momento. Pra mim não faz sentido criar um problema maior ainda pra resolver (entender o mercado, ficar fazendo análises complexas de balanço de empresa, entender análise técnica muito a fundo, etc..) fazer isso é igual a continuar meu trabalho todos os dias (a menos que o cara odeie seu trabalho e ame analisar gráficos, senso só uma escolha errada de profissão, no final).
Quanto a casa própria, também partilho dessa opinião de que ter sua casa é de essencial importância. O problema é conseguir comprar uma casa hoje em dia com os preços subindo as nuvens. Logo, só será possível comprar casas em regiões distantes dos grandes centros e em cidades menores. Se darão bem quem priorizar profissões em que o homme office seja majoritário.
Abraços!!
obrigado por comentar
Excluirgosto de ações, mas aqui no Brasil a valorização tá difícil
ultimamente tenho gostado mais de FII, enquanto o novo governo não tributar dá um trocado razoável
pelo menos 1 imóvel físico na carteira faz sentido (reserva para dias complicados)
abs!
ps - daqui a pouco o brasil vira argentina e o jeito é dolarizar o patrimonio...
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