Descubra e redescubra a obra desses e outros mestres da literatura na versão de grandes diretores no cinema. Você receberá os filmes acompanhados de livros ricamente ilustrados com a apresentação da vida e obra dos autores, além de análises sobre aspectos literários e cinematográficos do título.
Cofrado em 2023.
* Volume 6 - Os Assassinos
Dois matadores profissionais chegam a uma escola para cegos e eliminam à queima-roupa um professor. Em seguida, partem em busca de novos alvos para completar uma obscura encomenda. Como num quebra-cabeças, o passado se recompõe e mostra as traições feitas por cada integrante de um grupo após um assalto.
A livre adaptação realizada em 1964 de um conto publicado em 1927 pelo escritor americano Ernest Hemingway tem a assinatura de Don Siegel, diretor cuja especialidade era obter o máximo com mínimos recursos.
A transposição da história para o mundo das corridas de carro injeta velocidade na competitiva disputa criminal. O elenco reúne Lee Marvin, John Cassavetes, a bela Angie Dickinson e Ronald Reagan, futuro presidente dos EUA, como um tipo muito suspeito.
* Volume 7 - Anna Karênina
Uma mulher casada apaixona-se por um jovem e sedutor conde e acaba sendo punida por desafiar os padrões morais ao se entregar a um relacionamento irrealista.
Mais que retrato de uma paixão adúltera, o romance concluído pelo escritor Liev Tolstói em 1877 expõe o quadro de valores cultivados pelas elites, ao mesmo tempo em que aborda o modo de vida despojado dos camponeses explorados pelos aristocratas senhores na Rússia do século 19.
A adaptação produzida na Inglaterra em 1948 foi dirigida com sobriedade pelo diretor francês Julien Duvivier.
A presença da estrela Vivien Leigh no papel da romântica e trágica Anna Karênina é valorizada pela fotografia de Henri Alekan e os figurinos desenhados por Cecil Beaton.
* Volume 8 - O Leque de Lady Windermere
Ao ver, num leilão, um antigo leque que lhe pertencera, uma senhora evoca os episódios que protagonizara. Sua tentativa de se reaproximar da filha, Lady Windermere, provoca uma série de quiproquós familiares e sociais.
A peça que o dramaturgo, escritor e ensaísta britânico Oscar Wilde estreou com êxito em 1892 expõe, com fina ironia, as hipocrisias da sociedade vitoriana e mantém-se atual ao mostrar como a necessidade de manter as aparências impõe um jogo movido a enganos.
Esta versão do texto foi filmada em 1948 em Hollywood por Otto Preminger, cineasta de origem europeia cuja grande experiência nos palcos o habilitou a representar cenas da vida como se fossem puro teatro.
* Volume 9 - Orlando
De 1600 ao fim do século 20, um jovem nobre testemunha as maiores transformações históricas pelas quais passa o Império Britânico no período. Um dia, ao despertar, descobre que se tornou mulher e tem de aprender a respeitar outro código de regras.
O fascinante jogo de imaginação elaborado pela escritora britânica Virginia Woolf em 1928 no romance “Orlando” desafia a lógica e propõe ao leitor questões relacionadas à diferença entre masculino e feminino, poder e submissão, entre outras oposições que dividem a humanidade de cima a baixo.
Filmado por Sally Potter em 1992, “Orlando” inscreve essa fábula no corpo de Tilda Swinton, atriz capaz de passar do papel de um homem ao de uma mulher com uma simples troca de figurino.
* Volume 10 - O Tempo Redescoberto
Um homem doente e mergulhado em devaneios registra suas memórias, evoca suas experiências de amores, futilidades e saudades, à medida que retrata os valores da alta sociedade francesa no início do século 20.
O monumental “Em Busca do Tempo Perdido”, que reúne sete romances publicados por Marcel Proust de 1913 a 1927, é considerado um dos pontos culminantes da modernidade literária.
Seu estilo carregado de impressões subjetivas nunca deixou de fascinar os leitores e de desafiar a capacidade de grandes cineastas que quiseram adaptar sua complexa linguagem.
O diretor Raoul Ruiz realizou a façanha com esta versão valorizada por um elenco de estrelas europeias, entre as quais brilham as musas Catherine Deneuve e Emmanuelle Béart.
* Volume 11 - O Castelo
Numa aldeia gelada, um homem cujo nome resume-se à inicial K. chega para executar uma tarefa, mas é maltratado por todos e não consegue se comunicar com quem o contratou.
A trama de “O Castelo”, feita de uma espera que não se resolve, expressa a visão de mundo de Franz Kafka, na qual os protagonistas ficam isolados, reféns de poderes que os oprimem sem que se apresente um motivo e órfãos de Deus.
O diretor Michael Haneke, multipremiado no Festival de Cannes e ganhador de um Oscar, assina esta adaptação na qual o beco sem saída imaginado pelo escritor tcheco prolonga-se na interpretação pessimista e desesperançada da humanidade que marca a obra do cineasta austríaco.
* Volume 12 - O Vermelho e o Negro
Julien Sorel, um jovem de classe inferior, torna-se amante de uma mulher casada burguesa, depois entrega-se aos rigores da religião e, enfim, aproxima-se da filha de um marquês do qual se tornara secretário.
O destino romanesco do personagem concebido por Stendhal em “O Vermelho e o Negro” é uma daquelas criações da literatura capazes de revelar o espírito de uma época e nos fazer compreender as grandes transformações de um momento histórico.
A versão cinematográfica do clássico feita em 1954 pelo diretor Claude Autant-Lara seduz com uma elaborada recriação de época e tem como principal atrativo a presença, à frente do elenco, de Gérard Philipe e Danièlle Darrieux, estrelas de primeira grandeza do cinema francês.
* Volume 13 - A Queda da Casa de Usher
A chegada de um jovem cavalheiro a uma sinistra mansão desperta o ódio de seu enigmático proprietário, que guarda a irmã como uma prisioneira do passado. Aos poucos, um crescendo em que se misturam maldição familiar e delírios mórbidos toma conta do ambiente e conduz os personagens a perder a razão.
O conto “A Queda da Casa de Usher” é um dos mais admirados exemplos do estilo soturno e misterioso do escritor norte-americano Edgar Allan Poe.
Adaptado de modo bem livre em 1960 pelo produtor e diretor Roger Corman, o texto ganhou cores extravagantes e uma atmosfera psicodélica que anunciam como o horror logo se tornaria o gênero mais sugestivo e aberto a invenções do cinema americano.
* Volume 14 - O Amante
A descoberta da sexualidade de uma adolescente, filha de franceses, com um empresário chinês, um homem adulto, choca as convenções sociais e revela sob um ângulo inusitado o desequilíbrio das relações pessoais e políticas durante o período da dominação colonial do sudeste asiático.
Depois de décadas produzindo uma literatura com reputação de difícil, a cultuada escritora Marguerite Duras teve seu romance “O Amante”, de cunho autobiográfico, transformado em “best-seller”.
O sucesso do livro despertou o interesse de produtores europeus e logo foi transformado em filme pelas mãos do habilidoso diretor francês Jean-Jacques Annaud. A requintada versão recebeu uma indicação de melhor fotografia ao Oscar.
* Volume 15 - Fausto
Para vencer uma aposta com um anjo, Mefisto lança uma praga sobre o mundo e, com esse artifício, seduz um velho médico que lhe vende a alma em troca de saber.
O mito de Fausto, recorrente desde a Idade Média, serviu de inspiração ao escritor alemão Goethe para compor um poema considerado um marco da literatura e um símbolo do destino do homem na modernidade. Nos anos 1920, a lenda inspirou o diretor F.W. Murnau a realizar “Fausto”, um filme ainda hoje capaz de assombrar com seu visual, a despeito das limitações técnicas do cinema da época.
O confronto de forças em elaborados cenários e o uso impactante da luz transportaram essa fábula sobre o poder para um lugar antes só alcançado pela imaginação.
* Volume 16 - Mulheres Apaixonadas
A vida amorosa de uma dupla de amigos que se apaixonam por duas irmãs toma rumos distintos, com um casal seguindo um padrão estável, enquanto o outro enfrenta as turbulências do desejo.
O romance do britânico D.W. Lawrence, publicado em 1920, expressa a mudança de valores de uma época, quando as mulheres conquistaram mais direitos e os tabus em torno da sexualidade passavam a ser questionados, liberando o indivíduo para experimentar o prazer sem culpa.
A transposição do livro para o cinema no final dos anos 1960 tem a assinatura de Ken Russell, provocativo cineasta britânico, e também destaca-se com a presença de Glenda Jackson, que ganhou o Oscar de melhor atriz por seu desempenho como Gudrun.
* Volume 17 - Os Vivos e os Mortos
No início do século 20, numa noite de inverno em Dublin, durante um encontro de velhos amigos e novos conhecidos, vêm à tona lembranças dos muitos que morreram e a nostalgia de um tempo que já não existe mais.
O conto “Os Mortos”, publicado por James Joyce em 1914 na coletânea “Os Dublinenses”, capta sob uma narrativa de aparência simples um turbilhão vital por meio de gestos pequenos, mas decisivos, detalhes, olhares e sugestões.
Ao término de uma carreira vigorosa em que não faltaram bem-sucedidas adaptações, o cineasta John Huston, aos 81 anos, realizou seu filme de despedida com uma reflexão sobre a finitude na qual se equilibram delicadeza, emoção contida e um profundo amor à vida.
* Volume 18 - A Duquesa de Langeais
O reencontro de um herói de guerra com uma duquesa com quem teve um perturbado caso amoroso traz de volta as intempéries de uma paixão que parecia acabada, mas que ainda os abala.
“A Duquesa de Langeais”, romance de Honoré de Balzac que integra a longa série de livros a que o autor deu o nome de “A Comédia Humana”, mistura uma visão pessimista do romantismo com um mapa dos hábitos da época e dos jogos de cena sociais.
O diretor francês Jacques Rivette, veterano da Nouvelle Vague, adapta a obra como uma trama deliciosamente perversa e, ao mesmo tempo, reflete sobre as relações entre filme e texto, incluindo recursos que enfatizam essa origem e pondo a nu as tensões constantes entre cinema e literatura.
* Volume 19 - O Deserto dos Tártaros
Um jovem tenente parte para servir num forte situado em região desolada, numa fronteira onde um ataque do povo tártaro parece iminente. Mas nada acontece.
Enquanto esperam, os militares ali reunidos confrontam-se com a rigidez da hierarquia e são postos diante de uma ameaça que parece maior por não ter a face definida. O romance do escritor italiano Dino Buzzati projeta um mundo sem sentido, em que a expectativa de transformação nunca se cumpre.
Levado ao cinema em 1976 pelo diretor Valerio Zurlini, o livro deu origem a um filme cujas belas imagens são também expressão de uma angústia sem motivo aparente. O elenco masculino repleto de grandes atores europeus completa o espetáculo.
* Volume 20 - Doutor Fausto
Adrian Leverkühn, um músico obcecado em criar uma obra que ultrapassasse tudo já feito por outros artistas, afasta-se desde cedo da vida social e de apelos amorosos para tentar alcançar o absoluto.
Um pacto com Satanás permite que ele cumpra a intenção, mas o preço que tem de pagar acaba sendo muito alto. Publicado em 1947, “Doutor Fausto”, do escritor Thomas Mann, relê o mito de Fausto incorporando temas como a possessão dos alemães pelo nazismo e o sentido de buscar a beleza num mundo que perdeu o encantamento.
Em 1982, o extenso romance ganhou uma transposição assinada pelo diretor Franz Seitz, que ao longo de três horas recria os principais episódios da obra de Mann.
* Volume 21 - O Som e a Fúria
Uma família tradicional do Sul dos Estados Unidos tenta manter as aparências de um glorioso passado, mas o retorno de uma filha traz à tona antigos segredos e desejos proibidos que terminam abalando-a.
O romance modernista “O Som e a Fúria”, publicado por William Faulkner em 1929, marcou época com sua narrativa livre de convenções e a abordagem de um universo assombrado por demônios raciais e sexuais. Ao ser transposta para o cinema em 1959 pelo diretor Martin Ritt, a estrutura complexa do romance sofreu simplificações para se enquadrar na forma mais linear do filme hollywoodiano.
Sua releitura como melodrama sobre a condição feminina e sua sujeição a regras sociais, porém, não perdeu força.
* Volume 22 - Germinal
As péssimas condições de vida e de trabalho de mineiros exploradores de carvão numa vila na França no século 19 culmina em revolta, massacre e morte quando um casal lidera uma greve reivindicando tratamento mais humano.
Com “Germinal”, o escritor Émile Zola expôs, na linguagem crua e dura do naturalismo, a injustiça social e defendeu o espírito de revolta num momento em que os lemas revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade haviam voltado a não ser mais que uma utopia do passado.
Claude Berri filmou o romance em 1993 como uma superprodução valorizada pela presença de Gérard Depardieu à frente do elenco de grandes intérpretes do cinema francês.
* Volume 23 - O Som da Montanha
No Japão do pós-guerra, um homem mais velho observa impotente a crise corroer sua família. De um lado, ele assiste ao modo desrespeitoso como seu filho trata a mulher, a quem ele tanto preza.
De outro, quando o casamento de sua filha chega ao fim e ela retorna para a casa paterna, os conflitos domésticos se acumulam. O escritor Yasunari Kawabata, Prêmio Nobel de Literatura em 1968, registrou em “O Som da Montanha” o sentimento de mortalidade do indivíduo em meio à percepção da natureza que segue perfeita e alheia às dores humanas.
Ao adaptar o romance em 1954, o diretor Mikio Naruse transformou também o enfoque do escritor e converteu o filme num retrato, repleto de sutilezas, da condição feminina.
* Volume 24 - Édipo Rei
A tragédia de uma criança, cujos pais ordenam a morte quando tomam conhecimento de seu futuro sombrio por meio de um adivinho, depois é salva por acaso e termina cumprindo o terrível destino de assassinar o pai e se casar com a própria mãe, tornou-se uma das histórias mais influentes da cultura ocidental.
Contada em forma de peça na Grécia Antiga por Sófocles, “Édipo Rei” ultrapassou os limites do teatro e amplificou seu significado ao ser reinterpretado pela psicanálise.
Em 1967, o poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini propôs uma releitura livre do texto, em que reafirma a dimensão ao mesmo tempo arcaica e moderna do mito, símbolo imortal do homem dividido entre aquilo que ignora e o risco de saber demais.
* Volume 25 - Tess
Na Inglaterra rural do século 19, um pai de família miserável acredita que é descendente de uma antiga e nobre linhagem. Em busca de riqueza, convence a bela filha a se aproximar de ricos proprietários que acredita serem parentes, e ela acaba sendo engravidada pelo inescrupuloso patrão.
Anos depois, a jovem e o filho de um pastor se apaixonam, mas o passado a impede de ser livre e feliz.
“Tess”, romance do escritor britânico Thomas Hardy, narra a tragédia de uma mulher punida por erros que não cometeu. Com recursos de superprodução, o diretor Roman Polanski transpôs para o cinema os infortúnios da virtude com um apuro visual de tirar o fôlego e escalou a beleza de Nastassja Kinski para sofrer toda a dor do mundo.
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