Na infância eu era gordo e raivoso.
Sempre brigava com meu irmão e perdia pois ele era mais velho – ele foi meu primeiro oponente.
Nessa época, meu sedentarismo e minha alimentação rica em carboidrato refinado (açúcar) com certeza não ajudava meu cérebro e nem meus hormônios (nutrição é a base)
Mesmo assim, eu tinha desejo por aperfeiçoamento – eu via filmes de ação e os protagonistas deles eram tudo que eu queria ser – grande, forte e dono meu nariz.
Lembro de um gibi do Frank miller (ronin) onde tinha um “samurai” que tinha tanto autocontrole que nem matava alguém quando isso lhe parecia como “algo pessoal” – claro que hoje não acreditaria nisso, mas nessa época samurais pareciam deuses.
Efetivamente só comecei a evoluir na adolescência – praticar artes marciais, tomar porrada na cara regularmente cria um certo distanciamento dentro da gente - a dor se torna algo impessoal e rotineiro. Mas nessa época eu era muito mais vulnerável ao meu humor.
Na vida adulta, tudo mudou de figura. Os desafios são outros (dinheiro, trabalho, família...). Muitas vezes caí, muitas me levantei.
A dor maior agora é mental – uma dor muito mais difícil de lidar. Muitas vezes cedi a voz do demônio que existe na minha cabeça e fui pro "lado negro da força".
Recentemente consegui melhorar ao me aprofundar no estudo do Evangelho de Cristo (obrigado Padre Paulo Ricardo, obrigado Olavo de Carvalho, obrigado Monir Nasser)
O melhor exercício mental que aprendi aqui foi o de amar o inimigo, que tem como pressuposto o perdão, e consiste em rezar sinceramente pra Deus pedindo a salvação da alma do inimigo.
A prática desse exercício ajudou a criar dentro de mim uma distanciamento da dor mental semelhante ao distanciamento da dor física que aprendi com as artes marciais – começa com um distanciamento e termina com paz de espírito.
Recomendo.
Abs!
---------------------------------------------------------------------------------
- Foto de Rafael Cosquiere: https://www.pexels.com/pt-br/foto/dois-pilotos-sentados-dentro-do-aviao-2064123/
Obrigado por esse post, Scant. Era o que precisava ler hoje, preciso ser um católico mais praticante diariamente. Um abraço!
ResponderExcluirvaleu anon!
Excluir"A dor maior agora é mental"
ResponderExcluirEm resumo: você é um brasileiro normal, mediano e fodido. Estamos todos mentalmente fodidos, Scant. Penso muito sobre perdão para tentar viver em paz. Mas não é suficiente. O ideal seria eu voltar no tempo e ter me tornado um eremita no meio do mato. Mas isso não dá para fazer.
Sugestão: pratique o perdão, mas dê uma coringada tb. Aceite um pouco se ver como um doido. Eu fiz isso. Me considero, atualmente, um doente mental. Assim passei a viver um pouco melhor.
Abraços
uma pessoa sã numa sociedade doente deve ser considerada alguém doente kkkkkk
Excluirpensei em dar uma coringada , mas viver bem é a melhor vingança
nao gosto de sentir meus sentimentos tomando controle da minha mente - pode ser prazeroso na hora, mas pra mim teve uma época que se tornou viciante, ainda mais porque eu misturava com putaria pra compensar minha dor de ser impotente e fodido no contexto da minha própria vida.
abs!
"mas viver bem é a melhor vingança"
ExcluirVivo bem sendo maluco. Há dez anos não me chamam mais para eventos no Tribunal, nunca sei quando tem correição e evitam me ligar. Piso no trabalho apenas na portaria para pegar encomendas.
Só tento controlar sentimentos pesados quando envolvem minha esposa e filha. O restante que se exploda.
Abraços