"Este livro se compõe da tradução integral da Teogonia de Hesíodo, e do ensaio em que este poema é estudado como um documento do pensamento religioso grego, sob quatro aspectos interligados, a saber:
I - A noção mítica da linguagem como manifestação divina. As Deusas Musas, filhas de Zeus e de Mnemosyne ("Memória"), manifestam-se no canto e na dança e em forma de canto e de dança. Elas constituem o fundamento transcendente dos cantos e, ao mesmo tempo, a garantia divina da verdade que nesses cantos se revela.
II - A noção mítica da verdade como "revelações" ( alethéa ). A epifania das Musas a Hesíodo coloca em termos míticos o problema lógico e ontológico da verdade. Entre "muitas mentiras símeis aos fatos", as Musas, quando querem, sabem dizer a verdade, ou melhor: "revelações" ( alethéa ). Quem poderia distinguir entre tais "mentiras" e "revelações"? – Para a piedade hesiódica, a Verdade é um dom dos Deuses, e assim depende da vontade deles se ela se apresenta ou não aos homens –, mas, apresentando-se, ela traz consigo o sinal inequívoco de sua autenticidade: o esplendor divino. Quem poderia jamais deixar de percebê-lo, se assim querem as Deusas?
III - A noção mítica do tempo como temporalidade da Presença divina. Os gregos hesiódicos vivem na proximidade dos Deuses, num tempo cujos dias não se deixam medir por quaisquer números, pois cada dia então se mostra com as características e qualidades mesmas do Deus que nesse dia se manifesta e se comemora.
IV- A noção mítica do mundo como um conjunto único, uno e múltiplo de teofanias. O mundo, para os gregos hesiódicos, é um conjunto único de inesgotáveis aparições divinas (teofanias); no entanto, é um mundo lógico, em termos míticos e na lógica própria do pensamento mítico – um mundo real e perigoso, que se deixa conhecer através das genealogias divinas, das linhagens e famílias de Deuses ciosos de suas prerrogativas e vigilantes de que elas sejam observadas.
A presente tradução, em versos livres, busca reproduzir não só a riqueza poética, mas ainda as noções e o movimento próprios do pensamento grego arcaico." (Jaa Torrano)
Seguindo o plano de leitura proposto pelo Monir.
Já tinha ouvido a palestra dele sobre esse livro, que é bem curtinho (168 p.), mas denso.
Na tradução recomendada, a introdução do tradutor ocupa 2/3 do espaço do livro.
O problema mesmo é conseguir extrair o significado mais profundo do texto - até o Monir teve dificuldade e em certos momento disse que não tinha nem como interpretar com exatidão certos trechos.
Se ele teve problemas, pra mim é muito mais inacessível (difícil pra caralho); mas, mesmo assim, fiz minha parte.
Recomendo.
abs!
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