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28 outubro, 2025

[Curso] O Mistério da Mulher (2025)

 


Intro


Entender um pouco sobre a mulher é importante, ainda pra mim que sou bem lerdo nisso.


Trechos


O existencialismo e o rebaixamento da mulher

Por que é necessário falar da mulher? Porque se tem questionado de uns tempos para cá se a própria realidade chamada mulher existe. Feminista ou não, qualquer pessoa que estude o assunto tem passagem obrigatória pela obra “O segundo sexo”, livro seminal da escritora, ensaísta, filósofa e amante de Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir (1908–1986). Publicado em 1949, pouco depois da Segunda Guerra Mundial, o livro representou à época outra bomba atômica. Nele, Simone de Beauvoir lança a pergunta: “Y’a-t’il même de femme?”, “Existe mesmo a mulher?”. A questão parece ociosa, e a resposta, óbvia; mas a autora insiste, antes de saber “où sont les femmes”, onde estão as mulheres, em responder a qu’est-ce qu’une femme: “Que é uma mulher?” .

Na visão caricata que de Beauvoir tem do pensamento tradicional, como sendo machista e patriarcal, a mulher não seria mais do que um útero: ser mulher é ser a reprodutora ou, em linguagem crua, a “parideira”, responsável por perpetuar a espécie. Mas a humanidade propriamente dita se encontra, segundo essa visão, no homem. A mulher é apenas um terceiro elemento entre o homem e o castrado; não é nem um nem outro, mas algo entre os dois. A autora sintetiza a visão supostamente tradicional numa frase latina que, não sendo de nenhum pensador clássico, faz supor todavia que este foi o sentir da tradição bimilenar que a precedeu: Tota mulier in utero — “Toda a mulher está no útero” .

O conceito de mulher: de Platão a Santo Tomás

Para Aristóteles, o sêmen masculino faria as vezes de um princípio ativo e quente que, depositado na mulher — princípio passivo e frio da geração —, seria a causa própria e imediata da nova vida. Se a virtude seminal fosse boa o suficiente, nasceria um menino parecido com o pai; se o calor do sêmen fosse mitigado pelo frio do receptáculo, nasceria também um menino, mas com as feições da mãe; se, no entanto, o frio se sobrepusesse ao calor, o nascido seria mulher, e, se fosse menina parecida com a mãe, seria sinal de que o princípio feminino triunfara sobre o masculino.

Dietrich von Hildebrand e o conceito de complementaridade

Trata-se de um conceito oriundo da Física. Niels Bohr, ao descrever a dualidade onda-partícula, utilizou pela primeira vez, em 1927, numa palestra em Lago di Como, na Itália, a palavra complementaridade. O conceito chamou a atenção do filósofo católico Dietrich von Hildebrand (1889–1977), professor na Universidade de Munique, que dois anos mais tarde escreveria Die Ehe (“O casamento”), livro no qual aborda a relação entre o marido e a mulher como relação de complementaridade.

Mulher e homem, pensa ele, são duas maneiras de ser pessoa humana. São duas coisas tão diferentes como uma onda e uma partícula, mas que, de maneira semelhante ao que se dá no comportamento da luz, completam-se ou exigem-se mutuamente.

 

Alice von Hildebrand e o conceito de receptividade

Uma alma que se abre à graça de Deus, porém, é claramente receptiva. O Evangelho de São Lucas destaca de forma sublime a importância fundamental da receptividade. Quando a santa Virgem é convidada a ser a Theotokos, ela diz as palavras: “Faça-se em mim”. Essa é a expressão mais perfeita de receptividade encontrada na história do mundo. No momento em que Maria pronunciou essas palavras, realizou-se o mistério dos mistérios: Deus tornou-se homem em seu ventre. A receptividade humana perfeita levou a uma criatividade divina avassaladora — o Deus-homem.

A diferença entre o cérebro masculino e o feminino


Pesquisas atuais indicam que o cérebro feminino e o masculino são realmente diferentes. Para além de diferenças anatômicas que não vêm ao caso (por exemplo, o cérebro da mulher, mais compacto que o do homem, tem mais matéria branca, enquanto o dele tem mais matéria cinzenta), parece claro que o funcionamento de um cérebro é diferente do de outro. (Sex Differences in Human Brain Structure at Birth)

Modelos de aprendizado profundo revelam diferenças sexuais replicáveis, generalizáveis e comportamentalmente relevantes na organização funcional do cérebro humano 

A essência da mulher segundo Edith Stein

A mulher é sempre chamada a ser companheira e mãe. “Só quem estiver ofuscado pela paixão da luta”, como o feminismo, que leva a mulher a definir-se a partir do homem e por contraposição a ele, “pode negar o fato óbvio: o corpo e a alma da mulher foram formados para uma finalidade específica. A palavra clara e incontestável da Escritura expressa aquilo que nos está ensinando a experiência diária” , ou seja, pode-se ler a Bíblia e chegar à mesma conclusão que o dia a dia torna evidente: “A mulher é destinada a ser companheira do homem [Mann = varão] e mãe do homem [Mensch = ser humano]. Para isso está preparado o seu corpo, e é a isso que corresponde igualmente a sua peculiaridade psíquica”

 

A mulher como mãe

O que Edith Stein está dizendo é que, de forma geral, a mulher resiste à abstração. A razão é que o “o pessoal-vivente, objeto de suas preocupações, é um todo concreto” . Nesse sentido, a mulher, quando chega a amar algo em geral como, por exemplo, “as crianças”, é porque as ama antes em particular, nesta ou naquela criança. Seu amor supõe sempre um compromisso real.

A mulher como companheira

A essa predisposição maternal se junta a de companheira. Seu dom e sua felicidade consiste em dividir a vida com outra pessoa, participar de tudo o que lhe diz respeito, das menores e das maiores coisas, das alegrias e dos sofrimentos, mas igualmente dos trabalhos e dos problemas.

Os defeitos femininos e o ideal de mulher

Há, de fato, algo instintivo na necessidade de chamar a atenção, à qual os próprios hormônios inclinam a mulher. No entanto, a dimensão física da pessoa deve estar sujeita à psíquica. As tendências naturais do corpo se desordenam quando a alma não as mantém nos limites da reta razão. Sim, a mulher pode aparecer, pode ser elegante, pode ser bela; mas uma coisa é sê-lo de forma celebrativa, como um dom para o outro, outra é sê-lo de forma insegura, como quem, por não se amar, mendiga validação externa, desejando ser alvo de elogios e reconhecimento.

Por outro lado, “manifesta-se um interesse exagerado pelos outros na forma de curiosidade”, já que a mulher tem um natural interesse pelo outro, interesse que, descuidado, pode converter-se, em curiosidade, ou antes bisbilhotice, na forma “de insinuação indiscreta na vida íntima dos outros”.

 

A mulher no mundo profissional

Ora, o que esperaríamos de uma santa? Que ela repetisse uma visão mais restrita das coisas: “Mulher, largue o emprego, fique em casa e cuide das crianças”. Mas Edith Stein, não só como mulher e como santa, mas antes de tudo como alguém que vê a realidade, entende que o trabalho profisisonal pode ser um remédio para a mulher.
 
É grande a dificuldade das mulheres em conciliar trabalho, sem o qual muitas morreriam de fome, e filho pequeno. O problema se agrava devido ao fato de que, na janela de desenvolvimento cerebral da criança, é necessária até o terceiro ano a presença de um objeto de apego primário. Não é bom para a criança ser cuidada por uma coletividade: de manhã, a creche; de tarde, a babá; no fim da tarde, a avó e por fim a mãe.


Conclusão


Recomendo.

Abs!


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Referências bibliográficas
  • Prudence Allen, The Concept of Woman: Search for Communion of Persons (1500-2015). Grand Rapids: Eerdmans Press, 2016.

  • Prudence Allen, The Concept of Woman: The Early Humanist Reformation (1250-1500). Grand Rapids: Eerdmans Press, 2002.

  • Prudence Allen, The Concept of Woman: The Aristotelian Revolution (750 B.C. - 1250 A.D.), segunda edição com novo prefácio e bibliografia atualizada. Grand Rapids: Eerdmans Press, 1997.

  • Prudence Allen, The Concept of Woman: A Synthesis in One Volume. Grand Rapids: Eerdmans Press, 2024.

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  • Alice von Hildebrand, O privilégio de ser mulher. Campinas: Ecclesiae, 2013.

  • Alice von Hildebrand, Homem e mulher, uma invenção divina. São Paulo: Cultor de Livros, 2024.

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  • São João Paulo II, Teologia do Corpo: o amor humano no plano divino. Campinas: Ecclesiae, 2014.

  • São João Paulo II, Amor e Responsabilidade. São Paulo: Cultor de Livros, 2023.

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  • Carrie Lukas, Manual politicamente incorreto do feminismo. Campinas: Vide Editorial, 2020.

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