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20 novembro, 2024

[Curso] Como tornar-se um leitor inteligente (2014)



Introdução

”A partir de um certo momento na vida só existe o aprendizado voluntário. Reparem que o aprendizado de uma criança não é voluntário, é espontâneo. Na medida em que a criança cresce, ela busca novos conhecimentos como alguém que busca apenas respirar; ela tem uma curiosidade sem fim. Contudo, num dado momento, isso não é mais possível. Você somente aprenderá aquilo que for de seu real interesse. Mas por que você deve querer aprender? Essa é a pergunta. Você somente irá querer aprender se você vislumbrar algum objetivo que transcenda infinitamente os seus interesses pela sobrevivência imediata. Você não sabe exatamente o que é esse objetivo, mas você o vislumbra. E isso é o que nós podemos chamar de imagem paradisíaca. Se não existe uma imagem apocalíptica, o fim do mundo!, e de uma outra vida que transcenda tudo aquilo que nós conhecemos, se não existem imagens do paraíso, da felicidade eterna, então não há razão para aprender.

Excetuando os aprendizados para fins pragmáticos e imediatos, o que move o aprendizado ideal é uma aspiração pelo Infinito que existe no ser humano. Em princípio, nós podemos dizer que a aspiração pelo Infinito é a própria natureza humana, ou seja, para sermos humanos precisamos ter essa aspiração, do contrário seremos apenas bichinhos. Mas essa possibilidade que define o ser humano raramente é realizada por todos. Dito de outro modo, a maior parte dos seres humanos permanece abaixo do que é a possibilidade humana essencial.

Então, se uma criança tem o seu conhecimento ampliado espontaneamente na medida em que ela cresce, você, já adulto, parou de crescer, e só aprenderá se fizer um esforço a mais, se quiser, de fato, aprender. E você só desejará aprender se você medir a sua vida na escala do Infinito ou da felicidade eterna. Sem a imagem paradisíaca o ser humano paralisa. E é isso, no fundo, que nós buscamos quando lemos qualquer livro. Por trás do simples ato de você ler mais uma página existe o Infinito buscado por você. Se não existir, não há motivo para ler. A não ser que seja uma leitura para fins imediatos que auxiliem em sua subsistência. Assim, para ler, não é necessária uma técnica, mas uma motivação. E a única motivação fundamental é a aspiração pelo Infinito. Essa motivação pode levar você a compreender as coisas mais difíceis. Se você entender que o aprendizado de certos assuntos que você quer aprender no momento, por difíceis que sejam, possui sob si o acesso à dimensão paradisíaca, ninguém vai segurar você. Você aprenderá o assunto de qualquer modo.

Mas é claro que a relação entre o objetivo último de todo aprendizado, mediante a leitura ou não, e as dificuldades imediatas, tem que aparecer de modo claro para você. E frequentemente ela não aparece. Assim, você se perguntará: ‘Em que isto me auxiliará a alcançar o objetivo último?’ De início, uma coisa parecerá nada ter a ver com a outra. E por isso surgirá o problema do que você deve ler e estudar. A resposta é esta: leia e estude somente aquilo que pareça aproximar você da beatitude eterna. Aquilo que não tem para você o atrativo da felicidade eterna não lhe dará forças para aprender, e, na verdade, não há razão alguma para aprender.”

 

Mais um curso clássico do Olavo.


Conselhos Úteis



  • Perguntemo-nos então: Até onde vai o meu horizonte de consciência, e Até que ponto eu posso colocar, com clareza, a minha ação dentro desse horizonte de consciência, quais suas implicações, de onde estou partindo dentro desse diálogo? Quantas pessoas você acha que participaram de uma relação intelectual com a obra de Platão?

  • Quando entramos no mundo da cultura tomando essa precaução, estamos então mais conscientes do peso real do conhecimento transmitido. A leitura, nesse contexto, é apenas mais um instrumento para se adquirir o conhecimento. Devemos buscar não apenas o hábito de ler, mas sobretudo o hábito de aprender que é o fim último da leitura.

  • Ter em mente que nós não conhecemos o mundo, mas apenas uma fração dele. Estar aberto, não apenas para o conteúdo apresentado, mas também para a forma como ele me é apresentado. A maneira através da qual o outro me transmite aquela experiência diz muito sobre a própria experiência dele.

  • Ler cada frase como uma janela para um outro mundo, que para mim ainda desconhecido, deve ser uma prática constante. É com essa atividade imaginativa que nós engatinhamos na senda do aprendizado.

  • Nós captamos os padrões através dos símbolos que nos foram herdados pela cultura. Nós devemos ler aquilo que nos ofereça o máximo de lucidez possível, quer essa lucidez não requeira muita dificuldade de lapidação para a aquisição do conhecimento, quer ela seja mediada por uma lapidação maior e um esforço extra.

  • Nos casos de dificuldade extrema, o melhor é ter paciência e ir devagar, achando outros meios para ajudar na compreensão do que quer que seja.

  • Leia somente aquilo que você queira reter na memória para sempre. Não leia muito. Leia o que é vitalmente importante e que você queira incorporar em seu modo de ser. Tudo depende da motivação daquilo que você está lendo.

  • Distinções entre Pensar, Meditar e Contemplar: Pensar é transitar de uma ideia a outra – em série. Meditar é rastrear o pensamento até aquela experiência concreta que o originou, Contemplar é enxergar todo o desenvolvimento do pensamento e das ideias, passando pela meditação, até enxergar todo o processo como uma obra de arte, como uma estrutura de conjunto, uma unidade, um símbolo.

  • a relação entre o objetivo último de todo aprendizado, mediante a leitura ou não, e as dificuldades imediatas, tem que aparecer de modo claro para você. E frequentemente ela não aparece. Assim, você se perguntará: ‘Em que isto me auxiliará a alcançar o objetivo último?’ De início, uma coisa parecerá nada ter a ver com a outra. E por isso surgirá o problema do que você deve ler e estudar. A resposta é esta: leia e estude somente aquilo que pareça aproximar você da beatitude eterna. Aquilo que não tem para você o atrativo da felicidade eterna não lhe dará forças para aprender, e, na verdade, não há razão alguma para aprender.”

  • definição de cada palavra e tente imaginar aquilo concretamente.





Conclusão


Recomendo


Grande abraço!





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