[Livro/Filme] Sidarta (1922/1972)





1 - Introdução


Vinte e cinco séculos atrás, o jovem brâmane Sidarta deixa a casa do pai. Tem apenas 18 anos e busca o nirvana, o estado eterno de paz e equilíbrio. 

Por anos, torna-se asceta a discípulo de Buda. Depois, cansa-se desta vida de jejuns, cânticos e total despojamento e parte para o mundo. Com Kamaswami, aprende os princípios do comércio e a ganhar muito dinheiro. 

Com a bela cortesã Kamala, descobre os segredos do amor carnal. Ele experimenta todos os modos de vida à medida em que os anos passam. Mesmo assim, seu coração permanece inquieto.

Sua busca só parece terminar quando, já um homem velho, decide tornar-se um simples barqueiro.


2 - Trechos Úteis do Livro



  • “As abluções, por proveitosas que fossem, eram apenas água; não tiravam dele o pecado; não curavam a sede do espírito; não aliviavam a angústia do coração. Excelentes eram os sacrifícios e as invocações dos deuses- mas que lhe adiantava tudo isso? Propiciavam os sacrifícios a felicidade? E quanto aos deuses: foi realmente Prajapati quem criou o mundo? E não o Átman? Ele, o único, o indivisível?”...”Quem merecia imolações e reverência, senão Ele, o único, o Átman? E onde se podia encontrar o Átman, onde morava ele... a não ser no próprio eu, naquele âmago indestrutível que cada um trazia em si?”
  • "– Que sabes fazer?
  • – Sei pensar, sei esperar, sei jejuar.
  • – E que valor tem esses conhecimentos? O jejum, por exemplo. Para que serve o jejum?
  • – Para quem nao tiver o que comer, o jejum será a coisa mais inteligente que se possa fazer. Se, por exemplo, Sidarta não tivesse aprendido a suportar o jejum estaria obrigado a aceitar hoje mesmo um serviço qualquer, seja na tua casa, seja em outro lugar, já que a fome o forçaria a fazê-lo. Assim, porém, Sidarta pode aguardar os acontecimentos com toda calma. Não sabe o que é impaciência. Para ele não existem situações embaraçosas. Sidarta pode aguentar por muito tempo o assédio da fome e ainda rir-se dela."
  • “ Que bom- assim pensou- provar tudo quanto se necessita conhecer! Em criança, já aprendi que a riqueza e os prazeres mundanos não nos trazem nenhum proveito. Há muito tempo sabia disso, mas somente agora cheguei a assimilar essa sabedoria. Hoje me compenetrei dela. Possuo-a não só na memória, senão nos olhos, no coração, no estômago. É uma bênção ter essa certeza”

3 - Sobre o autor



"A Obra de Hesse tem algo de romântico e algo de ex ou supratemporal, apesar de tão intimamente ligada aos movimentos políticos e espirituais da época. Quem duvidar, porém, da situação do pós-romântico Hesse dentro da evolução do modernismo, faça o experimento de combinar de novo os elementos da sua vida – fuga da casa paterna, religiosidade recalcada, lirismo e anarquismo dostoievskiano, crises sexuais de um eterno adolescente, crises irresolúveis do individualismo – transportando esses elementos da atmosfera provinciana para a da grande capital e de um mundo mais requintado, substituindo o romantismo pelo simbolismo"

4 - Sobre o filme (1972)


poster

É um resumo do livro e, apesar de ter uma produção simples, consegue passar bastante da mensagem de simplicidade e desapego da obra de Hesse. 

Ainda traz uma trilha sonora (de Hemant Kumar) que nos permite "viajar" dentro do universo da antiguidade indiana.

Ainda assim, no cinema acho que "O Pequeno Buda (1993)" com Keanu Reeves muito superior em abordar os conceitos budistas.



Simi Garewal:
beldade do filme

5 - Conclusão


O budismo e suas variações têm uma beleza natural em sua simplicidade.
O livro de Hesse bebe dessa essência e o filme resume tudo isso para quem não tem paciência de ler (ou ouvi, pois tem audiobook "gratuito" também, basta pesquisar no ggogle).


Recomendo.


Grande abraço!




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2 comentários:

  1. Ótima postagem.

    Desconheço o filme. Nunca me interessei em ir atrás. Quanto ao livro, faço questão de tê-lo em casa. Deveria ler mais Hesse, penso. Como bem dito na citação de Carpô, acima, sua obra é supratemporal.

    Acho que Sidarta é meio que alterego de Hesse, em sua jornada filosófica e espiritual.

    Quanto ao budismo, não estou tão afim com seus preceitos, mas percebo que, no ocidente, tornou-se apenas um artigo de moda na boca de quem está bem longe de exercê-lo.

    Acho que já falei antes: creio que o romance mais importante em minha vida tenha sido O Jogo das Contas de Vidro.

    Abraços!

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    Respostas
    1. o filme é caidinho, o livro é melhor

      " meio que alterego de Hesse" - tb tive essa impressão

      "artigo de moda na boca de quem está bem longe de exercê-lo." - é o mal das religiões atualmente: um fé vazia de obras

      "O Jogo das Contas de Vidro." ta na minha lista de leitura

      abs!

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Memento mori...carpe diem!