Intro
"Em O Senhor dos Anéis, ao contrário, podemos identificar Jesus, não neste ou naquele personagem, mas em vários deles ao mesmo tempo e segundo distintos aspectos e pontos de vista, de modo semelhante a como várias personalidades do Antigo Testamento prefiguravam, cada uma à sua maneira, as perfeições e as virtudes do Messias prometido. Assim, por exemplo, vemos a Cristo profeta em Gandalf, a Cristo sacerdote em Frodo, e a Cristo rei em Aragorn, ainda que nenhum deles esgote todas as riquezas e papéis de Nosso Senhor."
Já li a trilogia principal e o Hobbit na minha adolescência (achei numa biblioteca pública) e vi os filmes de Peter Jackson - esse curso acrescentou bastante.
Trechos
O Um Anel, de um ponto de vista teológico, apresenta uma série de características que o assemelham quer à tentação, quer ao pecado: assim como a tentação induz, de um lado, e o pecado subjuga, de outro, assim também o Um Anel, como que por vontade própria, seduz e escraviza aquele que deseja possuí-lo.
O Um Anel, antes de ser posto no dedo, desempenha o papel da tentação; quando está no dedo, exerce a função de pecado.
A invisibilidade conferida pelo Anel aponta para um dos efeitos do que em teologia moral se denomina pecado mortal: ficar “invisível” às realidades do bem, criadas por Deus, mas suscetível — isto é, “visível” — ao poder do mal, representado por Sauron. Essa invisibilidade refere-se também à perda do estado de graça, sem o qual o homem, introduzido no mundo espectral dos mortos, simbolizados em parte pelos Nazgûl, sucumbe ao poder enlouquecedor do pecado.
Na medida em que é carregado, porém, o Anel representa, não a tentação ou o pecado, mas a cruz, como se vê em determinados momentos da narrativa dos portadores, isto é, “suportadores” do Anel (Ring-bearers), Frodo e Sam, os quais se tornam, portanto, imagens de Cristo, paciente e redentor.
A três tentações de Cristo no deserto (a gula, a vanglória e a soberba) guardam certas analogias, respectivamente, com os três principais grupos de anéis: com os anéis dos homens, que cedem facilmente ao prazer; com os anéis dos anões, cujo ponto fraco é a avareza; e com os anéis dos elfos, conscientes da própria nobreza.
Conclusão
Excelente curso.
recomendo.
abs!
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Referências bibliográficas
- Craig Bernthal. Tolkien's Sacramental Vision: Discerning the Holy in Middle Earth. Second Spring Books.
- Michael D. C. Drout. J. R. R. Tolkien Encyclopedia: Scholarship and Critical Assessment. Kindle Edition.
- Pedin Edhellen; Thorsten Renk. Curso de Sindarin (trad. de Gabriel Oliva Brum). Curitiba: Arte & Letra, 2008.
- Helge Kare Fauskanger. Curso de Quenya: a mais bela língua dos elfos (trad. de Gabriel Oliva Brum). Curitiba: Arte & Letra, 2011.
- Joseph Pearce. Tolkien: o homem e o mito (trad. de Ana Margarida Pereira Marcos). Publicações Europa-América, 2002.
- J. R. R. Tolkien. As Cartas de J. R. R. Tolkien.
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- ______. O Hobbit. São Paulo, Brasil: Martins Fontes.
- ______. O Senhor dos Anéis. São Paulo, Brasil: Martins Fontes.
- ______. O Silmarillion. São Paulo, Brasil: Martins Fontes.
- ______. Sobre histórias de fadas (trad. de Ronald Kyrmse). São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2006.
- ______. The Annotated Hobbit (rev. e exp. por Douglas A. Anderson). Boston/New York: Houghton Mifflin Company, 2002.
- ______. The Letters of J. R. R. Tolkien. Mariner Books.
- ______. The Lord of the Rings. Boston/New York: Houghton Mifflin Company, 2004.
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