Youtube é a Nova Televisão


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Introdução 

No Post sobre o Fim do Blog do Corey, vários comentários de Anons trouxeram ao debate ideias sobre as mudanças nas redes sociais e seu impacto na qualidade do acesso a informação.

Infelizmente isso não é um problema recente. Recente talvez seja a possibilidade de percebermos isso coletivamente e podermos criticar essas mudanças.

Mercantilização da Informação 


"Muito se reclamava e reclama da TV aberta principalmente e da grande mídia pela falta de qualidade ou transparência, mas os canais do youtube em grande parte são a mesma coisa. Falta qualidade, transparência etc etc. Youtubers que mudam de opinião e foco conforme o momento, verdadeiros personagens que nem de longe fazem o que falam e mesmo assim conseguem milhares de fãs.

O ambiente de Youtube tá ficando cada vez mais artificial, acho que apesar do existirem fakes na blogsfera, o ambiente mais amador que existe aqui ainda ajuda para que as interações sejam m pouco menos falsas e artificiais do que lá."(Anônimo 07/11/2020 09:03)


Com a migração da audiência para as redes sociais, era só uma questão de tempo até a necessidade ou ganância financeira do criador de conteúdo abalar sua independência ideológica e afetar o resultado de seu trabalho.

Isso aconteceu no passado com os jornais impressos, com o rádio e, por fim, com a televisão. Não há nada de novo no mundo. Mídia do passado (rádio, jornais etc) tiveram seus tempos áureos também. Antes disso, imagino que os antigos formadores de opinião passaram pelo mesmo problema (sacerdotes comprados, políticos vendidos etc).

A única maneira prática que conheço de evitar esse mal é o financiamento direto e coletivo pela própria audiência da mídia, mas em um país pobre/ferrado como o nosso é bem difícil despertar essa consciência.

 Por isso, os anunciantes controlam o conteúdo: me soa como "se o lobo administrasse o galinheiro e determinasse qual tipo de ração as aves devem comer".


A morte de um Nicho


"Acho que por isso a finansfera está morrendo. As pessoas não tem muito saco mais para ler blogs, e os blogueiros não se sentem confortáveis em migrar para o Youtube, pelas razões que disse. E isso é muito triste, pois um dos nichos mais ricos da web está morrendo. Existem ainda esses sites de investimento, mas na finansfera a gente aprendia muito também sobre comportamento pessoal, algo inerente às finanças." (Anônimo 08/11/2020 11:29)


 É normal nichos encolherem: cada geração tem seus best-sellers.

Num país culturalmente ignorante como o Bostil, é natural que a palavra a escrita, matéria-prima do blogger, seja desvalorizada. Vivemos um ditadura digital da imagem e realmente não somos uma nação de apreciadores de textos.

É bom lembrar que a maioria da população não tem acesso a educação de qualidade e nem a condições dignas de vida - isso acaba se refletindo na criação de conteúdo: não adianta gastar "latim" como betas e os betas são a maioria. Logo o conteúdo mais popular não pode ser muito profundo, pois não há público culturalmente desenvolvido para absorver.

Com o tempo, muitos blogs, fóruns e comunidades especializadas deixaram de existir (CPTurbo, HTforum, Uol Jogos, Manicômio Share, Clube do Hardware, Orkut etc). 

O que sobrou no Facebook/Instagram nem chega perto da qualidade do conteúdo que foi perdido. Ainda há muita coisa boa no Youtube, mas tem que saber escolher.


Conclusão 


Sim, televisão morreu, o blogosfera está moribunda, o facebook é um zumbi e o youtube dá sinais de cansaço.

No final, isso não importa: não faltam opções de conteúdo.

Graças a Deus pelos livros, filmes e documentários produzidos nos últimos 3000 anos.

Grande abraço!

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10 comentários:

  1. Excelente reflexões.

    É tudo um ciclo na verdade, nenhuma rede social é eternamente popular.

    Os blogs eram populares, depois veio o Orkut, depois veio o Facebook e agora o Instagram e logo terá um novo "rei do pedaço"

    No setor de tecnologia as coisas mudam muito rápido, empresas nascem, explodem e "morrem" em menos de uma década. Acho difícil prever qualquer coisa em horizontes maiores que 2 anos nesse setor.

    No geral as pessoas gostam de coisas visuais e pirotecnia que infelizmente os blogs não oferecem, aqui é tudo "monótono", mas é isso que gosto, como o viés de lucro é quase inexistente por aqui (ninguém vive com as migalhas do AdSense em blogs) eu sinto mais "pureza" nos posts.

    Abraços,
    Pi.

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    1. "aqui é tudo "monótono"" - tb gosto dessa monotonia. isso ajuda a refletir. a sociedade em geral não estimula o pensar, afinal é mais fácil manejar o gado se ele não desconhece o abatedouro

      ""pureza" nos posts" - acho que a ausência de lucro financeiro é um bloqueio para aventureiros: quem vai perder tempo escrevendo regularmente mentiras sem ganhar nada só pode ser doido

      abs!

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  2. Pois é Scant, em um universo onde a única constante é a mudança, não seria diferente com tudo que já usamos, blog, youtube, instagran e afins...

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    1. a permanente impermanência faz a roda do mundo girar e girar

      abs!

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  3. Concordo com tudo. Acho que todo blogueiro, cedo ou tarde, começa a ser "cobrado" para produzir conteúdo no YouTube, o que pode levar a uma relativa perda de qualidade principalmente pela "obrigação" de regularidade dos vídeos. Um blog, mesmo tendo um tema principal (educação financeira, como os nossos), não deixa de ser uma plataforma pessoal e, querendo falar sobre qualquer outro tema, somos livres, o que dificilmente ocorre com um canal de YouTube, o qual sem ter um nicho específico, está fadado ao fracasso e maior número de haters, pela exposição.

    Faltou você só comentar dos podcasts, que, apesar de existirem há anos, vem se tornando o novo trend aqui no Brasil, com muitos Blogueiros e até youtubers migrando para o formato, ainda pouco desgastado e com uma publicidade mais explícita e, portanto, honesta.

    Abraço

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    1. pensei em falar dos podcasts (ressuscitaram a linguagem falada ), mas achei que o post ficaria muito grande

      gosto deles, mas o problema é o mesmo de muitos vídeos: são longos diálogos para dizer pouca coisa - por isso prefiro livros em regra, que seguem um encadeamento lógico e facilitam a revisão do conteúdo

      quando ouço alguma publicidade soa pra mim como um alarme de que tenho que pular ou abandonar o q estou vendo/ouvindo: a vida é muito curta pra gastar com propaganda

      abs!

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  4. Concordo e reforço o comentário do AC.

    Tenho um blog e o canal, me sinto muito mais livre pra falar qualquer abrobinha no blog, mas no canal tem que ter cautela, tem que saber pisar em ovos porque mesmo que você não ligue você quer mais pessoas te vendo e pra que isso aconteça você tem que jogar de acordo com as regras da plataforma, se não ela te joga num limbo sem fim rsrs

    Abçs

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    1. essa exposição que me incomoda
      ser eternamente gravado em um vídeo
      não sei como vc faz, mas teria medo de perder a privacidade caso o canal desse certo
      fora que o youtube parece mudar as regras do jogo regularmente

      abs!

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  5. O bom do blog é que você pode manter o animato, caso queira. Por exemplo, você pode redigir o texto no meio dos familiares, sem que saibam. Já um podcast ou um vídeo, não dá para fazer isso. Sem contar que gasta-se muito mais tempo produzindo o mesmo conteúdo de um blog em uma plataforma de vídeo. Por isso, ainda sou adepto aos blogs. Uma fato bem contado é prazeroso de se ler!

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    1. a rapidez em postar/ler no blog deixa a experiência muito mais agradável
      tem vários vídeos que deixo de assistir em razão da demora
      infelizmente vídeos são a moda atual

      abs!

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