16 fevereiro, 2022

Sebos: Pechinchas fora do Mainstream





Introdução


Comecei a visitar sebos na infância em busca de quadrinhos, coisa rara de encontrar em bibliotecas no passado pré-internet. 

Com o tempo passei a ser atraído pelos livros fora do mainstream e por publicações raras nerds dos mais diversos tipos.

Os sebos de hoje em dia foram impactados pela especulação de valores que acontecem em sites como o mercado livre, mas ainda é possível encontrar coisas legais e baratas.


Pechinchas em Sebos no RJ 


Aqui no Rio, as principais pechinchas ficam:

  • nos sebos mantidos por vendedores ambulantes em frente a estação de metrô da carioca, em frente a saída na avenida Rio Branco, ou 
  • em feiras mantidas por sebos tradicionais que circulam pelos principais bairros cariocas ao longo do ano: não raro é possível encontrar vários bons livros por apenas 1 real e outros tantos por 3, 5 ou 10 reais.

Claro que existem muitos sebos "não-mapeados" por aí, pois é uma atividade que tradicionalmente não emite nota fiscal, sendo uma economia informal que movimenta altas cifras no país e sem qualquer tributação na maioria dos casos.


Por que Visitar?


  • Para encontrar boas publicações, filmes, Cds a baixo custo,
  • Para descobrir muito material interessante fora do mainstream (corrente dominante ou convencional),
  • Para simplesmente correr o "risco" de encontrar qualquer "tralha" que desperte o interesse.

Conforme explica o Blog do Neófito:

Adoro sebos. Gosto mais de sebos do que de livrarias. Isso, claro, quando o sebo é bem organizado e possui um acervo de qualidade, e não apenas um amontoado de livros fubentos onde não encontramos praticamente nada servível. Pura zona empoeirada. Entretanto, há sebos que nos chamam atenção, ainda mais pelo acervo diferenciado que possui. É em sebos que encontramos obras raras ou esgotadas. Ou, então, aquele livro até recentemente publicado, mas que foi parar ali por rejeição de algum leitor ou como ponta de estoque de editoras. Os preços variam, e é preciso pesquisar. Sempre há muito livreiro pondo à venda porcaria por valores absurdos.
Há discussões acerca da origem da palavra "sebo". Não gosto dela. Acho depreciativa. Prefiro o "alfarrabista" utilizado em Portugal. Entretanto, já é algo bem enraizado na nossa cultura. Segundo alguns, sebo viria da época em que, sem iluminação elétrica, as pessoas liam junto à luz de velas (feitas à base de gordura animal). Assim, as capas ficavam engorduradas, ensebadas. E eram justamente livros assim (sujos) os negociados no mercado de usados. Outro segmento acredita que a denominação deriva do inglês second book; ou melhor: second-hand bookstore. Independentemente da origem, só sei que, se eu tivesse um sebo, o chamaria de Loja de Livros Usados. Sebo é uma denominação sebosa.


Antologias e Sebos


Em 2022 intensifiquei meu interesse por antologias e muita coisa que procuro já está esgotada ou sai bem barato comprar usado:

  • Filmes - se eu encontrar bem barato e em versão dublada, nem procuro o download na web e ainda tem filmes clássicos (inclusive documentários) em que vale a pena ter a versão física - guardo a maioria em envelopes plástico que ficam dentro de uma caixa na estante e dessa forma ficam razoavelmente acondicionados;
  • Quadrinhos - se tiver o físico barato, melhor ainda; se for uma coleção muito grande procuro comprar apenas o primeiro volume para ter de lembrança na estante e o resto leio na versão digital ou não leio nunca ou assisto a versão em animação;
  • Livros - barato vale a pena o físico. E muitos livros antigos só existem em versão física.


Biblioteca Física e Lotação Máxima


Toda biblioteca doméstica tem um limite físico e até chegar nesse limite, vale a pena manter edições físicas dos livros mais importantes para aquela pessoa; nem que seja apenas para ter aquela sensação de olhar a lombada e lembrar de algo conteúdo.

Após esse limite físico, é tratar como um jardim: manter a harmonia e beleza do ambiente da melhor maneira possível enquanto se goza de seus prazeres, ainda que com pouca variabilidade: tira-se a erva daninha ou plantas mortas (livros inúteis) e e se plantam novas mudas (novos livros úteis). A vida petrifica nossos gostos.

Conclusão


Ao visitar sebos a ideia é simples: se não for uma pechincha, não compre. Afinal, é apenas papel e tinta e não a Bíblia de Gutenberg.

Recomendo a visita.

Grande abraço!

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Sites consultados:


  • http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/2017/12/um-balanco-das-metas-literarias.html
  • http://kleiton1.rssing.com/chan-6165969/all_p18.html

5 comentários:

  1. Olá, Scant.

    Passei uma época em que gostava de ir ao centro de SP ver os sebos. Ao lado do tribunal de justiça e da igreja da Sé, belas construções históricas, existem dezenas de sebos bem legais.
    Entretanto, percebo que sebos só são bons no caso de coleções e raridades. Via de regra, as condições da maioria dos livros velhos é ruim, pois quem cuida não doa e quem doa, geralmente, não cuida, salvo algumas exceções.
    Os bons livros custam tão ou mais caro que os livros novos, dado que hoje a impressão está bem barata, apesar dos preços relativamente altos em algumas modalidades, principalmente quadrinhos.
    Raridades, então, sempre custando o olho da cara.

    Me contento em ir nesses lugares para visitar e acredito que muita gente, principalmente os menos abastados, se aproveitem verdadeiramente dos preços de livros em qualidade mediana ou baixa, se aproveitando do preço baixo para poder estudar e ler, adquirindo conhecimento e cultura.

    Entretanto, comprar livros é algo que venho evitando. Estou, geralmente, baixando. Ou procurando versões direto da internet, em texto html, como os do Gutemberg.

    Interessante que ninguém mais comenta de bibliotecas. Aqui em SP existem muitas e, quase nunca, vejo gente entrando ou saindo delas, exceto as mais famosas, como a Mario de Andrade. Acredito que as bibliotecas sejam melhor jogo para aqueles que querem adquirir conhecimento com livro impresso.

    Abraço!!

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  2. "as bibliotecas sejam melhor jogo para aqueles que querem adquirir conhecimento com livro impresso." para livros esgotados, é o mais barato (grátis). Melhor ainda quando tem um site onde vc pode pesquisar o acervo.
    já tirei muita xerox de livro de biblioteca no passado

    não sei como é em são paulo, mas aqui no RJ os sebos estão em extinção e acho q só tenho encontrado livros baratos na feira de livros pq eles precisam de dinheiro; o q é bom para o consumidor


    abs!

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  3. Aqui também estão em extinção. Pelo menos os de bairro morreram praticamente todos. Restam os maiores e mais conhecidos, geralmente no centro da cidade. Acredito que sobrevivam muito devido a expansão da internet, possibilitando a venda online, como naquele site estante virtual.

    Precisava voltar a entrar em bibliotecas do meu bairro, temo que elas também, aos poucos, acabem morrendo.

    Abs.

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  4. Peguei o hábito de visitar sebos e bibliotecas com minha avó e mantenho até hoje. Sempre compro alguns mais antigos e que quero colecionar em Sebo.

    Pela geografia da cidade, aqui sempre se localizaram no Centro da Cidade. Pelo menos para minha geração, não existiam sebos em bairros mais residenciais.

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  5. "não existiam sebos em bairros mais residenciais." no meu bairro tinha vendedor ambulante (camelô), mas a biblioteca do meu bairro foi meu ponto de partida

    abs!

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